6 espécies extintas que os cientistas ainda podem trazer de volta

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Wikimedia

Tigre da Tasmânia, no Jardim Zoológico de Hobart, em 1933

A desextinção está a progredir a passos largos. Esta semana, pela primeira vez na história, foi ressuscitada uma espécie anteriormente extinta: o Lobo Gigante. Mas há outras seis criaturas que a ciência poderá trazer de volta à vida.

Esta segunda-feira foi anunciada a primeira desextinção da história.

O Lobo Gigante, um canino extinto que caçou pela última vez há milhares de anos nas florestas e planícies da América do Norte da era Pleistocénica, terá sido agora ressuscitado pela Colossal Biosciences.

Estes lobos (Aenocyon dirus) viveram durante a última era glaciar (entre 2,6 milhões e 11.700 anos atrás) e foram extintos há mais de 10.000 anos.

A desextinção começa com amostras de ADN das espécies perdidas. Idealmente fazer-se-ia com o genoma completo; mas, na maior parte das vezes, os cientistas juntam genes da espécie extinta ao genoma de um animal vivo estreitamente relacionado.

Depois, num processo conhecido como transferência nuclear, os investigadores implantam esta sequência num óvulo retirado da espécie viva parecida. O animal resultante sairá geneticamente semelhante ao animal extinto.

Ou seja, apesar de se usar vulgarmente o termo “desextinção”, até ao momento, ainda não é possível trazer a 100% as espécies extintas.

Apesar disso, depois do Lobo Gigante, espera-se que os cientistas anunciem em breve outras espécies míticas desaparecidas. A Live Science fez uma lista de seis espécies extintas que os cientistas ainda podem trazer de volta.

Mamute-lanoso

Os mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius) viveram entre 300.000 e 10.000 anos atrás, durante a última era glacial.

No entanto, uma pequena população isolada conseguiu sobreviver na Ilha Wrangel (na Rússia) até cerca de 4.000 anos atrás.

As mudanças no clima no final da idade do gelo, a caça e a diminuição da diversidade genética da população levou os mamutes-lanosos à extinção.

O permafrost no Ártico preservou as carcaças dos mamutes-lanosos e até a estrutura 3D do seu genoma.

Isto significa que os cientistas podem extrair ADN bem preservado e, potencialmente, montar uma sequência genética semelhante à dos animais originais.

Uma transferência nuclear seria feita, idealmente, com um óvulo de elefante moderno para dar origem a uma espécie semelhante ao mamute-lanoso.

A Colossal Biosciences prometeu trazer as primeiras crias deste mamute até 2028.

Dodó

Thilo Parg / Wikimedia

O pássaro extinto dodó

O dodó (Raphus cucullatus) era uma ave grande que não voava, exclusiva da Maurícia, uma ilha ao largo da costa de Madagáscar.

Os dodós extinguiram-se no século XVII como resultado direto da colonização europeia e tornaram-se, por isso, um emblema da extinção causada pelo Homem.

Os colonizadores chegaram à Maurícia em 1598, trazendo consigo várias espécies não nativas, como ratos, gatos e até macacos.

Estes animais saquearam os ovos e as crias dos ninhos de dodó, reduzindo o número de aves na ilha para níveis críticos em apenas algumas décadas.

Juntamente com a desflorestação e a caça dos dodós pelos humanos, a predação acabou por levar à extinção da espécie em 1681.

Como refere a Live Science, atualmente, o ADN do dodó sobrevive em espécimes de museus de história natural. Em 2022, os cientistas reuniram o primeiro genoma de dodó.

No entanto, trazer o dodó de volta à vida não vai ser tão fácil como parece. Um dos grandes desafios é introduzir diversidade genética na sequência de ADN do dodó, para que não se crie uma população de clones.

Tigre-da-Tasmânia

Westell, William Percival, 1874-1937

Exemplar jovem de um tigre-da-Tasmânia em 1910

O tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus), era um marsupial carnívoro, semelhante a um lobo, com riscas na parte inferior das costas, que viveu em toda a atual Austrália.

A espécie desapareceu do continente entre 3.000 e 2.000 anos atrás, mas uma população persistiu na ilha da Tasmânia.

No final do século XIX, os primeiros colonos europeus da Tasmânia começaram a caçar este animal, que era um predador de gado.

As matanças subsequentes levaram estes tigres à extinção, tendo o último indivíduo morrido num jardim zoológico em 1936.

Os também conhecidos como tilacinos são um bom candidato à desextinção porque existem muitos espécimes intactos dos quais se pode extrair ADN.

 

Pombo-passageiro

Cephas / Wikimedia

Pombo-passageiro

O pombo-passageiro (Ectopistes migratorius) já foi a espécie de ave mais abundante na América do Norte. Antes do século XVII, representava entre 25% e 40% da população total de aves.

Mas os colonos europeus caçavam os pombos e destruíram progressivamente o habitat das aves, causando a sua extinção.

Os pombos-passageiros viajavam em grandes bandos e reproduziam-se em comunidade, o que os tornava extremamente vulneráveis à caça.

O último pombo-passageiro conhecido morreu em 1914.

Os museus possuem dezenas de espécimes de pombos de passageiros empalhados, cujo ADN foi extraído e sequenciado pelos cientistas. Mas, como refere a Live Science, o ADN está tão fragmentado que é improvável que os investigadores tragam de volta o pombo-passageiro na sua forma original.

A mesma revista escreve que a empresa de biotecnologia Revive & Restore quer introduzir fragmentos de ADN do pombo-passageiro no genoma de pombos-da-cauda-banda (Patagioenas fasciata) modernos, o que dará origem a aves que se assemelham à espécie extinta.

A empresa tem como objetivo criar a primeira geração de pombos ainda em 2025.

Auroque

Charles Hamilton Smith / Wikimedia Commons

Os auroques, extintos há cerca de 400 anos, assemelham-se aos atuais bovinos

Os auroques (Bos primigenius) são os antepassados selvagens de todos os bovinos modernos.

Eram animais gigantes, com chifres, cuja área de distribuição se estendeu pelo Norte de África, Ásia e quase toda a Europa durante milhares de anos, datando os primeiros fósseis conhecidos de há cerca de.700 000 anos.

Os auroques foram os maiores mamíferos terrestres que restaram na Europa após o fim da última era glaciar. No entanto, os humanos levaram-nos à extinção devido à caça excessiva e à destruição do habitat.

O último auroque conhecido morreu em 1627 na floresta de Jaktorów, na Polónia.

Como escreve a Live Science, os esforços em curso para a “desextinção” dos auroques diferem dos de outras espécies extintas pelo facto de não necessitarem de engenharia genética. Isto, porque maior parte do ADN do auroque está presente nas raças modernas de gado,

Quagga

O quagga (Equus quagga quagga) é uma subespécie extinta das zebras.

As quaggas eram exclusivas da África do Sul e tinham menos riscas nos quartos traseiros do que as outras zebras.

Eram procuradas por caçadores devido às suas peles invulgares e por agricultores que queriam pastar o gado sem a concorrência de outros animais.

A perseguição implacável no século XIX levou à extinção da quagga na natureza. A última quagga em cativeiro morreu em 1883.

Hoje, existem apenas sete esqueletos de quagga, o que – como nota a Live Science – os torna os esqueletos mais raros do mundo.

Tal como acontece com a reprodução do auroque, os esforços para trazer o quagga de volta à vida também não envolvem engenharia genética.

Poderá ser possível clonar quaggas extraindo ADN da medula óssea de um esqueleto, injetando-o depois num óvulo de zebra.

Miguel Esteves, ZAP //

3 Comments

  1. No Vale do Coa estão tentando recriar o auroque através dos tauros (Rewilding Portugal). O tigre da Tasmãnia pode eventualmente ainda existir um ou outro exemplar, a crer nalguns testemunhos (que não são garantidamente fidedignos).

  2. Quase igual não é igual. Isto é a ciencia a criar uma espécie nova anti-natura, pelo que não vejo qualquer interesse em “recuperar” algo que nunca existiu.

    Seria mais interessante alocar os mesmos orçamentos avultados que levaram a isto na preservação e recuperação de espécies ainda não extintas.

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