Cientistas estão a tentar “ressuscitar” o extinto dodó

Thilo Parg / Wikimedia

O pássaro extinto dodó

Uma empresa e uma equipa de cientistas vão tentar trazer o icónico dodó de volta, após ter sido extinto há quase 400 anos.

Já passaram 361 anos desde que alguém viu um dodó, o pássaro que se tornou um símbolo da extinção de espécies por culpa dos humanos. Isso não impede a empresa biotecnológica Colossal Biosciences de tentar trazer trazê-lo de volta.

Nativos das Ilhas Maurício, os dodós sofreram com a época dos descobrimentos, na viragem para o século XVI. Nessa época, a ilha foi invadida por colonos que trouxeram animais exóticos como porcos, ratos e principalmente macacos, que destruíam os ninhos dos dodós.

Sem experiência real com predadores, o dodó era uma ave dócil e facilmente morta por humanos e outras espécies. Além disso, a rápida destruição do seu habitat florestal pelos humanos, levou o dodó à extinção ainda antes século XVIII.

A Colossal Biosciences esforça-se agora para trazer o animal de volta a vida, através de um processo que é apelidado de “desextinção”. Os cientistas esperam conseguir o regresso de uma “cópia” dessa ave — uma espécie com ADN editado e não um clone exato.

Beth Shapiro, bióloga da Universidade de Santa Cruz, lidera a equipa de cientistas que, pela primeira vez, sequenciou a totalidade do genoma do dodó.

Shapiro e os seus colegas tentam “costurar” um animal parecido com um dodó, usando genomas que foram sequenciados de espécimes reais de dodós, bem como genomas dos seus parentes próximos, como o pombo-de-Nicobar e o solitário-de-rodrigues.

A Colossal Biosciences não é novata nestas andanças. Em 2021, a empresa anunciou que ia avançar com um projeto para “desextinguir” o mamute-lanoso.

A ideia dos cientistas responsáveis pelo projeto consiste é criar um híbrido elefante-mamute. Para que isso seja possível, estão a ser criados em laboratório embriões que contenham ADN de mamute.

“Depois de uma espécie ser extinta, não é possível trazer de volta uma cópia idêntica”, sublinhou Shapiro, em declaração ao Motherboard. “A esperança é que possamos usar, primeiro, genómica comparativa para que possamos obter pelo menos um, e esperamos mais, genomas de dodó que possamos usar para olhar e ver como os dodós são semelhantes entre si, e diferentes de coisas como o solitário-de-rodrigues”.

A partir daí, a equipa vai “compará-los com o pombo-de-Nicobar e outros pombos e identificar mutações nesse genoma que acreditamos que possam ter algum impacto” fenotípico naquilo que fez o dodó parecer-se com um dodó e não com um pombo-de-Nicobar.

De acordo com a IFLScience, uma equipa da Universidade da Califórnia já tentou “ressuscitar” o dodó, mas sem sucesso. Nem mesmo com um espécime em excelentes condições, vindo da Dinamarca, que ofereceu um ADN suficientemente bem preservado.

Isso não demoveu a equipa de Shapiro e a Colossal Biosciences de tentar esta proeza, mas recorrendo à ajuda do solitário-de-rodrigues e do pombo-de-Nicobar.

De acordo com a Gizmodo, a empresa biotecnológica já conseguiu angariar 150 milhões de dólares em financiamento. Este é um valor muito superior aos 15 milhões de dólares que levaram a empresa a lançar o projeto do mamute-lanoso.

O professor Ewan Birney, vice-diretor do Laboratório Europeu de Biologia Molecular, disse ao The Guardian que seria “muito, muito desafiador” a nível técnico recriar o genoma do dodó.

Birney argumentou ainda que, mesmo que seja possível, não sabe se é o melhor a fazer. Segundo ele, há quem entenda que devemos alocar os recursos disponíveis para “salvar as espécies que temos antes que elas sejam extintas”.

Daniel Costa, ZAP //

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