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Depois de 39 anos na prisão por um crime que não cometeu, vai receber 21 milhões

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Rhonda Wicht e o seu filho Donald, de quatro anos, foram assassinados em 1978. Mas o homem que foi parar à cadeia e cumpriu uma pena de quase quatro décadas não foi o homicida.

Agora, Craig Coley, decidiram os responsáveis de Simi Valley, na Califórnia, vai receber uma compensação de 21 milhões de dólares (18,4 milhões de euros)

“Apesar de nenhuma quantia poder compensar o que aconteceu ao Sr. Coley, resolver este caso é fazer o que está certo para ele e para a nossa comunidade”, considera Eric Levitt, administrador da cidade, referindo-se à decisão de não levar o caso a tribunal para decidir o valor da indemnização, o que, muitas vezes, leva a longas batalhas judiciais.

No caso de Coley, um veterano da Marinha agora com 71 anos, não foi preciso discutir – a polícia reabriu o caso, o procurador de Ventura County apoiou a decisão, depois o então governador Jerry Brow perdoou-o e o Conselho de Compensação à Vítima da Califórnia atribuiu-lhe, no ano passado, quase 2 milhões de dólares (perto de 1,8 milhões de euros) – 140 dólares por cada um dos 13.991 dias injustamente da prisão.

Meses mais tarde, Coley entrou com uma ação federal de direitos civis. Agora, a cidade vai pagar-lhe cerca de 5 milhões, e o que falta para perfazer os 21 milhões virá de seguros e “outras fontes”, como se lê no comunicado citado pela Visão.

A inocência do septuagenário começou a desenhar-se quando, a cerca de 65 quilómetros a noroeste de Los Angeles, foram encontradas, num laboratório privado, “amostras biológicas” cuja destruição tinha sido ordenada pelo tribunal depois da condenação de Coley, em janeiro de 1980.

“Descobriu-se que uma parte fundamental das provas utilizadas para condenar o réu Coley não tinha o seu ADN“, adianta o comunicado da cidade. A nova investigação, que incluiu entrevistas com testemunhas e a recriação do caso, levou as autoridades a concluir que estavam reunidas as condições para provar a “inocência”.

Mas se o caso, em relação a Coley, está resolvido, não fica resolvido o caso das vítimas do homicídio, uma vez que as autoridades continuam sem saber quem estrangulou e violou a mãe e sufocou o filho, encenando depois um assalto.

Os vizinhos relataram, na altura, à polícia, ter ouvido sons de luta por volta das 5h30 da madrugada de 11 de novembro de 1978. Uma das testemunhas contou que tinha visto pela janela a carrinha de Coley, que era, à época, namorado de Rhonda Wicht, mas estava em processo de separação.

Coley, com 31 anos, garantiu que tinha estado num restaurante até às 4h30, após o que deixou um amigo em casa e foi também para a sua, versão que foi sempre corroborada pelos colegas. Acusado de homicídio em primeiro grau, o suspeito passou as quatro décadas seguintes a negar ter cometido os crimes.

ZAP //

3 Comments

  1. Boa!.. Ainda bem! Ninguém lhe devolve os anos perdidos injustamente mas… Pelo menos, assim poderá gozar decentemente os que lhe restam.

  2. E o que é que sucede ao “juiz” que o condenou ? Que o mandou para uma cadeia durante 40 anos se não tinha a certeza absoluta.
    Nada lhe sucede. E entretanto estragou por completo a vida a um ser humano !

  3. Mete-me muito medo estes erros, se assim se podem chamar, condena-se e manda-se destruir as provas, mas estas não foram destruídas, felizmente, e, ao fim de 39 anos, foi dado como o inocente aquele que pagou o crime que não cometeu. E fica tudo por isso mesmo, não há responsabilidade de qualquer elemento do sistema judicial e dão-lhe dinheiro, como se isso pagasse a privação da liberdade por 39 anos. Até parece um país à beira-mar plantado que eu cnheço…

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