Em 2531, toda a gente se chamará Sato no Japão

A menos que a lei mude nos próximos 507 anos, todos os cidadãos japoneses vão responder ao mesmo apelido. A culpa é do casamento.

Todos os cidadãos japoneses serão conhecidos como “Sato-san” quando chegar o ano 2531… a não ser que os casais sejam autorizados a utilizar sobrenomes diferentes algures nos próximos 507 anos, sugere um novo estudo.

O nome Sato vai mesmo tornar-se a única opção a adotar como último nome se o país continuar a forçar os cônjuges, através da lei do casamento, a escolher um sobrenome único, um código civil que data do século XIX, segundo o jornal britânico The Guardian.

O estudo, publicado em março, chegou no dia 1 de abril às redes sociais e fez com que muitos achassem que o alerta não passava de uma mentira típica do primeiro deste mês, mas surge, na verdade, como parte de uma campanha para revogar a lei desatualizada.

“Se todos passarem a chamar-se Sato, talvez tenhamos de passar a ser tratados pelos nossos primeiros nomes ou por números“, explica professor de economia na Universidade de Tohoku e líder do estudo Hiroshi Yoshida. “Acho que não seria um bom mundo para se viver”, confessa.

Nomes como Suzuki em risco

As consequências, a longo prazo, desta lei retrógrada? Perda do património familiar e regional. Uma nação repleta de Satos “não só seria inconveniente, como também prejudicaria a dignidade individual”, disse o autor.

No Japão, os casais podem escolher qual o sobrenome que preferem adotar, mas são as mulheres que sacrificam o seu nome de família em 95% dos casos. O país é o único no mundo a exigir o mesmo sobrenome aos casais, com membros conservadores do governo a defender que mudar a lei prejudicaria a unidade familiar e causaria confusão entre as crianças.

Sato não só é atualmente o sobrenome mais comum no Japão, como também representa 1,5% dos sobrenomes da população. Suzuki surge em segundo lugar, muito próximo de Sato, de acordo com o senso de março do ano passado — e mesmo assim é um dos nomes em “risco de extinção”.

Além do sobrenome Suzuki, Watanabe e até Yoshida — ironicamente, o nome do líder do estudo — podem vir a desaparecer.

Além disso, o nome Sato continua em ascensão: a proporção de japoneses chamados Sato aumentou 1,0083 vezes de 2022 para 2023, de acordo com os cálculos do novo estudo.

Se a taxa se mantiver, cerca de metade da população japonesa chamar-se-á Sato em 2446 — e 100% da população terá o mesmo nome em 2531, diz o novo estudo.

Tudo podia ser diferente…

…se o Japão alterasse esta lei do casamento.

O recente estudo propõe um cenário alternativo em que, segundo as projeções, apenas 7,96% da população japonesa teria Sato como sobrenome.

Uma pesquisa de 2022, orquestrada pela Confederação Sindical Japonesa, apenas 39,3% disseram que gostavam de partilhar um sobrenome, mesmo se o pudessem evitar, de acordo com os dados citados pelo Mainichi Shimbun.

Tomás Guimarães, ZAP //

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