Doping: Diretor desportivo da W52-FC Porto suspenso por 25 anos

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Nuno Ribeiro (camisola amarela), na 71ª Volta a Portugal (2009)

O antigo ciclista Nuno Ribeiro, diretor desportivo da extinta W52-FC Porto, foi suspenso por 25 anos, pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), por tráfico, administração e posse de substâncias e métodos proibidos, à margem do processo ‘Prova Limpa’.

Nuno Ribeiro, diretor desportivo da extinta W52-FC Porto, foi suspenso por 25 anos, por posse, tráfico e administração ilícita aos ciclistas de doping.

De acordo com a lista de sanções disciplinares da ADoP, atualizada esta segunda-feira, Nuno Ribeiro, de 46 anos, vai cumprir uma sanção entre 16 de dezembro de 2022 e 15 de dezembro de 2047, por “tráfico, administração e posse de substâncias proibidas e métodos proibidos”, nomeadamente hormonas, testosterona, e betametasona.

O antigo diretor da W52-FC Porto é um dos 26 arguidos do processo ‘Prova Limpa’ e vai responder pelos crimes de tráfico de substâncias e métodos proibidos, assim como pelo crime de administração de substância e métodos proibidos, decidiu a 29 de setembro o Tribunal de Instrução Criminal de Penafiel.

José Rodrigues, diretor adjunto e massagista da extinta W52-FC Porto, também já tinha sido suspenso por 25 anos pela ADoP.

Segundo o despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso, Nuno Ribeiro e o seu adjunto, José Rodrigues, “com o conhecimento e anuência” de Adriano Quintanilha, ‘patrão’ da equipa, e do diretor geral Hugo Veloso, “adquiririam, entregaram e decidiram que os seus ciclistas teriam que administrar” substâncias “que constam na lista de substâncias e métodos proibidos em vigor”.

Nuno Ribeiro e o doping…

Nuno Ribeiro tem um historial de doping já que, enquanto ciclista, foi suspenso por dois anos e perdeu a vitória na Volta a Portugal de 2009, devido a um positivo por EPO-CERA (eritropoietina de ação prolongada) registado num controlo fora de competição dois dias antes do arranque da prova.

Anos antes, em 2005, o vencedor da Volta2003 foi excluído da 88.ª edição da Volta à Itália, por ter apresentado uma taxa de hematócrito (glóbulos vermelhos) superior ao limite permitido, sendo imediatamente despedido pela sua equipa de então, a Liberty-Seguros-Würth.

Enquanto diretor desportivo da W52-FC Porto, ganhou as últimas seis edições da Volta a Portugal. Três destas vitórias foram entretanto anuladas.

Em 2021, o espanhol Raúl Alarcón, da W52 foi suspenso por quatro anos por uso de substâncias proibidas. Vencedor da Volta a Portugal em 2017 e 2018, viu as suas vitórias anuladas.

Também Amaro Antunes – o único ciclista da W52-FC Porto que não tinha sido constituído arguido – foi, no início deste ano, suspenso por doping, tendo-lhe sido retirada a vitória da Volta2021.

O ciclista encontra-se a cumprir um castigo de quatro anos por anomalias no passaporte biológico, mas já anunciou o fim de carreira.

Os 26 arguidos do “Prova Limpa”

A 2 de maio, a ADoP suspendeu Joni Brandão, três vezes segundo classificado da Volta a Portugal, por seis anos, três semanas depois de a entidade ter agravado em sete anos a suspensão de Ricardo Vilela, que já se encontrava a cumprir uma sanção de três, por anomalias no passaporte biológico, e ter suspendido José Gonçalves por quatro anos, por “posse de substância proibida”, no caso somatropina.

Vilela tinha sido um dos seis ciclistas suspensos, a 4 de outubro de 2022, por três anos, por “posse de substância proibida e método proibido”, juntamente com Rui Vinhas e Ricardo Mestre, vencedores da Volta a Portugal em 2016 e 2011, respetivamente, e Daniel Mestre, José Neves e Samuel Caldeira.

João Rodrigues, vencedor da Volta a Portugal de 2019 e da Volta ao Algarve de 2021, também foi sancionado com três anos pela ADoP, mas viu o seu castigo agravado em quatro pela União Ciclista Internacional (UCI), por anomalias no passaporte biológico.

A ADoP reduziu a suspensão destes sete ciclistas de quatro para três anos por terem “confessado” – tal como aconteceu com Daniel Freitas, ex-ciclista da W52-FC Porto e arguido no processo ‘Prova Limpa’ -, ao contrário do que aconteceu com Brandão e Gonçalves.

Pendentes de desfecho na justiça desportiva continuam os processos do ciclista Jorge Magalhães, assim como de Nuno Ribeiro.

Todos eles estão entre os 26 arguidos acusados de tráfico de substâncias e métodos proibidos no âmbito do processo ‘Prova Limpa’, que desmantelou a equipa W52-FC Porto, grande dominadora do ciclismo nacional nos últimos anos.

ZAP // Lusa

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