/

115 anos depois, a Máquina de Anticítera continua a ser um enigma

1

wikimedia

Fragmento principal da Máquina de Anticítera no Museu Arqueológico Nacional de Atenas (Grécia).

Fragmento principal da Máquina de Anticítera no Museu Arqueológico Nacional de Atenas (Grécia).

Considerada uma das mais importantes descobertas arqueológicas dos nossos tempos, a Máquina de Anticítera continua a ser um grande mistério, passados 115 anos desde que foi encontrada ao largo de uma ilha grega.

O artefacto com dois mil anos, também conhecido por Mecanismo de Antikythera, é considerado o primeiro “computador” analógico do mundo que seria usado para observações astronómicas. Mas as certezas em torno da sua existência são bem menos do que as dúvidas.

Foi encontrado por mergulhadores a 17 de Maio de 1902, submerso a 43 metros de profundidade, ao lado de estátuas e outros objectos antigos, ao largo da costa da ilha grega de Antikythera, de onde lhe  vem o nome.

Estava entre os destroços de uma galé romana que terá naufragado há dois mil anos, quando o Império Romano começou a conquistar as colónias gregas no Mediterrâneo. Acredita-se que faria parte dos objectos saqueados pelos romanos que o levariam para Roma.

Giovanni Dall'Orto / wikimedia

Réplica moderna da Máquina de Anticítera no Museu Arqueológico Nacional de Atenas (Grécia).

Réplica moderna da Máquina de Anticítera no Museu Arqueológico Nacional de Atenas (Grécia).

Capaz de prever eclipses

Muitos investigadores estudaram o intrigante objecto, estimando que terá sido fabricado por volta de 87 a.C., mas ninguém soube ainda explicar com exactidão porque é que terá sido criado.

Danificado e partido em vários pedaços, não foi fácil determinar a sua função. A ideia mais viável, sugerida em 1971 pelo norte-americano Derek Price, aponta que o Mecanismo de Antikythera era uma espécie de calculadora astronómica, uma invenção que seria muito avançada para a sua época.

Os símbolos nele gravados fazem referência a dias, meses e signos do Zodíaco, incluindo 30 engrenagens e três mostradores que, segundo uma análise feita em 2005, através de um tomógrafo digital, simulavam os movimentos do sol, da lua e de cinco planetas.

Nesse mesmo ano, ficou provado que o dispositivo era capaz de prever eclipses solares e lunares, de mapear a posição de planetas e até de sinalizar os próximos Jogos Olímpicos.

“Essencialmente, foi a primeira vez que a raça humana criou um computador“, considera o matemático Tony Freeth, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, em declarações divulgadas pela BBC.

“É incrível como um cientista daquela época descobriu como usar engrenagens para rastrear os complexos movimentos da lua e dos planetas”, acrescenta Freeth.

Uma invenção de Arquimedes?

A Máquina de Anticítera é tão surpreendente e desconcertante que só 1,5 mil anos depois dela, se pode encontrar algo parecido, na Europa, na forma dos primeiros relógios mecânicos astronómicos.

Toda essa genialidade do mecanismo reporta para Arquimedes, o mais brilhante dos matemáticos e engenheiros gregos, considerado o cientista mais importante da Antiguidade clássica, que determinou a distância da Terra à Lua, descobriu como calcular o volume de uma esfera e o número fundamental p (Pi).

“Só um matemático brilhante como Arquimedes poderia ter desenhado a Máquina de Anticítera”, diz Freeth.

Acredita-se que o artefacto, que pode ter sido feito na Ilha de Rodes, não seria caso isolado e que haveria outros exemplares semelhantes, embora a Máquina de Anticítera seja o único exemplar encontrado até agora.

Mas o mistério em torno desta “máquina extraordinária”, realça o site do Projecto de Pesquisa do Mecanismo de Antikythera, continua a espantar a comunidade científica mundial e está longe de ser desvendado.

A Máquina de Anticítera original está exposta no Museu Arqueológico Nacional de Atenas, na Grécia. Há também réplicas funcionais do mecanismo exibidas noutros locais, nomeadamente no Museu do Computador de Bozeman, em Montana, EUA.

ZAP // BBC / HypeScience

 

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.