Aproveitando as condições favoráveis dispostas pelo BCE, os cinco grandes bancos nacionais apresentaram um lucro líquido consolidado de 1,9 mil milhões de euros, um aumento de quase 60% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A atividade bancária em Portugal apresentou um crescimento acentuado nos primeiros seis meses de 2023, com os cinco maiores bancos a operar no país (Caixa Geral de Depósitos – CGD, Banco Comercial Português – BCP, Novo Banco, Santander Totta e BPI) a atingirem um lucro líquido consolidado de 1,9 mil milhões de euros, um aumento de quase 60% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A CGD foi a instituição que mais saiu a ganhar, segundo o Diário de Notícias, com um lucro no valor de 607,8 milhões de euros, um aumento de 25% face aos 485,6 milhões do semestre homólogo.
No entanto, o BCP, liderado por Miguel Maya, registou o maior crescimento, multiplicando por sete o resultado líquido de 62,2 milhões de euros registado em junho de 2022 para 423 milhões em junho de 2023, apesar dos encargos do Bank Millennium.
O Novo Banco também apresentou um desempenho robusto, alcançando lucros de 373,2 milhões de euros, uma subida de 40% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Já o Santander somou 586,5 milhões de euros, um acréscimo de 58,4% em relação ao igual período de 2022. Seguem-se o Lone Star, com um crescimento de 95,5%, para 524 milhões de euros, e o BPI, com um aumento de 81%, para 438,6 milhões.
BCE empurra os cinco grandes para a frente
A margem financeira das cinco instituições foi sem dúvida catapultada devido à subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE) liderado por Christine Lagarde que, com o objetivo de arrefecer a economia e conter a inflação, criou condições inéditas para a rentabilidade bancária.
Este facto, aliado à remuneração abaixo do esperado dos depósitos a prazo em Portugal, permitiu que os bancos obtivessem mais de 4,2 mil milhões de euros até junho, um aumento de 74% em comparação com o semestre homólogo.
À medida que o BCE aumenta as taxas de juro, o custo que os bancos comerciais assumem para obter liquidez junto deste também aumenta, mas com empréstimos a longo prazo aos bancos da zona euro a taxas de juro fixas negativas estes conseguiram, na segunda metade de 2022 e na primeira metade de 2023, continuar a beneficiar de custos de financiamento muito favoráveis, mesmo num cenário de subida das taxas de juro de referência na zona euro.
Queda nos depósitos e nos trabalhadores
No entanto, o semestre também foi marcado por desafios. A carteira de crédito consolidada dos cinco bancos sofreu uma diminuição de 0,7% no primeiro semestre de 2023, uma queda atribuída a amortizações antecipadas e à menor procura de financiamento tanto pelas famílias como por empresas — um abrandamento do crédito que também afetou as comissões cobradas aos clientes.
Além disso, houve também uma redução no número de depósitos e de trabalhadores. Desde o início do ano, os cinco bancos viram quase sete mil milhões de euros saírem dos seus cofres, o que representa uma queda de 2,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, houve um corte de 439 trabalhadores e o fecho de 75 balcões em Portugal.
Segue para a frente, no entanto, a trajetória de crescimento robusto deste ano.