1.º Maio comemora-se sem restrições por todo o país

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Miguel A. Lopes / Lusa

Os trabalhadores portugueses podem hoje comemorar o 1.º de Maio sem restrições, participando nas iniciativas de rua que a CGTP promove em 31 localidades do país, ou no debate da UGT sobre os desafios do mundo laboral, em Lisboa.

A CGTP espera ter de novo muitos milhares de trabalhadores nas ruas e voltar a encher a Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa.

Nos últimos dois anos, devido às restrições relativas à pandemia da covid-19, a Intersindical não desistiu de assinalar a data na Alameda, embora apenas com cerca de um milhar de manifestantes, devidamente distanciados.

Este ano a CGTP volta a fazer o tradicional desfile na capital, a partir da praça do Martim Moniz até à Alameda, onde ocorre o comício sindical, assim como a manifestação do Porto, na Avenida dos Aliados.

Estão previstas manifestações, plenários, festas populares, provas desportivas e exposições em 31 localidades, que incluem as capitais de distrito, Açores e Madeira.

Para a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, as ações previstas para todo o país representam “a convergência de toda a luta que tem sido desenvolvida” nos vários setores e empresas.

“Agora, já sem as restrições do distanciamento e da máscara, que a pandemia nos impôs, é o momento de os trabalhadores de todos os setores trazerem para a rua os seus problemas e reivindicações para tentarem obter respostas, melhorando as suas condições de vida e promovendo o desenvolvimento do país”, disse à Lusa Isabel Camarinha.

A sindicalista lembrou as consequências da pandemia e da subida da inflação, agravadas com a guerra da Ucrânia, que se traduziram no agravamento das condições de vida dos trabalhadores, reformados e população em geral e no seu empobrecimento.

Segundo a sindicalista, a CGTP vai hoje “apelar à intensificação da luta e apresentar algumas reivindicações extraordinárias para alcançar as mudanças que o país precisa”.

Para o novo secretário-geral da UGT, Mário Mourão, este é um 1.º de Maio diferente para os trabalhadores portugueses, pois ocorre “num ambiente de grande incerteza, devido ao aumento do custo de vida, coincidindo com baixos salários e precariedade”.

A UGT, que realizou o seu 14.º congresso no fim de semana passado, vai assinalar o Dia do Trabalhador com uma conferência, em Lisboa, sobre o “Sindicalismo e os Jovens” e os “Desafios do Mundo do Trabalho”, que contará com José António Vieira da Silva, antigo ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social do PS, e de Álvaro Santos Pereira, antigo ministro da Economia e do Emprego do PSD.

Nos últimos dois anos, a UGT comemorou a data de forma virtual devido à pandemia da covid-19.

A Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, vai assinalar o dia 1.º de Maio, participando num almoço comemorativo do Dia do Trabalhador, com cerca de 200 trabalhadores da empresa João Tomé Saraiva, na Pedreira da Devesa, Guarda.

Costa: objetivo de reforço do peso dos salários

O primeiro-ministro, António Costa, assinalou hoje as comemorações do Dia do Trabalhador, salientando que o Governo vai adotar a Agenda do Trabalho Digno e “prosseguir o objetivo de reforço do peso dos salários no PIB” para a média europeia.

“Festejamos hoje o Dia do Trabalhador. Porque valorizamos o trabalho e ambicionamos uma sociedade mais justa, vamos adotar a Agenda do Trabalho Digno e prosseguir o objetivo de reforço do peso dos salários no PIB para a média europeia”, refere António Costa, numa publicação na rede social Twitter.

O primeiro-ministro faz acompanhar a publicação de um quadro sobre o peso das remunerações no Produto Interno Bruto (PIB), segundo o qual entre 2016 e 2021, anos em que liderou o Governo do país, houve um crescimento em Portugal de 17,5% desse indicador e uma aproximação em relação à média da zona euro.

O quadro prevê ainda que entre 2022 e 2026 o crescimento do peso das remunerações no PIB seja em Portugal de 20%, atingindo-se no final da legislatura uma convergência com a zona euro neste indicador.

No debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2022, o primeiro-ministro já tinha anunciado que a iniciativa legislativa do Governo denominada “Agenda para o Trabalho Digno” vai ser analisada em concertação social no próximo dia 11, antes de ser debatida e votada no parlamento.

“O grande desígnio é que a geração mais qualificada de sempre seja também a geração mais realizada de sempre e tenha em Portugal tantas ou tão boas oportunidades como encontra fora do país”, declarou António Costa, no debate.

Santos Silva destaca contributo dos trabalhadores

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, saudou hoje as comemorações do 1.º de Maio e destacou o contributo dos trabalhadores e das suas organizações para “a formação da democracia”.

“Celebramos, hoje, 1 de maio, o contributo dos trabalhadores e suas organizações para a formação da democracia. Os direitos económicos e sociais são parte integrante dos direitos humanos; e a sua realização é um dos pilares do Estado democrático e social do 25 de abril”, refere Augusto Santos Silva, também numa publicação na sua conta oficial da rede social Twitter.

O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 136 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Portugal é o país da Europa onde se vive de forma miserável em 90% das casas de família, onde os pensionistas na sua grande maioria nem dinheiro têm para pagaras suas próprias despesas, e não me venham com a desculpa de que descontaram pouco……descontaram aquilo que o governo da altura mandava descontar, isto já sem falar dos reformados por invalidez que ganham uma ninharia, não estão incapazes de trabalhar por vontade própria mas sim porque doenças várias os impedem de desempenhar as suas funções, isto para não falar dos desempregados não há um país na UE que trate tão mal os seus trabalhadores em termos de ajudas financeiras e de salários como Portugal. Fico-me por qui pois se for apontar todos os podres que cá existem estava não sei quantos dias a escrever.
    <foi para isto que fizeram o 25 de Abril que tanto apregoam? Apregoem menos e façam mais

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