/

Obama reduz a pena à militar que passou documentos ao Wikileaks

Facundo Arrizabalaga / EPA

Manifestação de apoio a Chelsea Manning, ex-militar responsável por passar documentos ao Wikileaks

O Presidente cessante dos Estados Unidos, Barack Obama, perdoou esta terça-feira a pena da antiga militar Chelsea Manning, responsável por divulgar milhares de documentos confidenciais ao Wikileaks. A ex-analista militar será libertada  17 de maio.

A militar transexual, que antes se chamava Bradley Manning, foi condenada em agosto de 2013 a 35 anos de prisão por espionagem e outras ofensas, por ter passado ao Wikileaks mais de 700 mil documentos confidenciais.

Considerada uma heroína pelos setores norte-americanos que se opõem às guerras por revelar os abusos perpetrados pelos EUA no Iraque e no Afeganistão, Manning foi condenada por ter posto o país e os seus compatriotas em perigo.

A sentença da ex-analista militar, que tentou suicidar-se duas vezes e já fez greve de fome na prisão de Fort Leavenworth (Kansas), foi a maior punição dada até hoje pelos Estados Unidos a um condenado por divulgação indevida de informações.

A Casa Branca anunciou que Chelsea Manning será libertada a 17 de maio. Na mesma decisão que beneficiou Chelsea Manning, o presidente também concedeu a comutação da pena a 208 pessoas e indultos a 64 presos, em um de seus últimos atos antes de deixar o governo na próxima sexta-feira (20).

Wikimedia

Chelsea Manning, ex-militar responsável por passar documentos ao Wikileaks

Chelsea Manning, ex-militar responsável por passar documentos ao Wikileaks

Depois de a Casa Branca anunciar que o Presidente cessante dos Estados Unidos comutou a pena de Chelsea Manning, o Wikileaks também reivindicou “vitória”: “Vitória: Obama comutou a pena de Chelsea Manning de 35 anos para sete. Vai ser libertada a 17 de maio”, escreveu o Wikileaks na sua conta no Twitter.

No início do mês, o Wikileaks referiu que o seu fundador Julian Assange concordava ser extraditado para os Estados Unidos se Barack Obama perdoasse Chelsea Manning.

A advogada do fundador do WikiLeaks, Melinda Taylor, afirmou que o compromisso continua de pé, indicando que “tudo o que [Assange] disse [se] mantém”.

“Se Obama perdoar Manning, Assange aceita a extradição para os Estados Unidos, apesar da flagrante inconstitucionalidade” do Departamento de Justiça norte-americano, escreveu o Wikileaks no Twitter.

Julian Assange, 45 anos, de nacionalidade australiana, encontra-se refugiado na embaixada do Equador em Londres desde junho de 2012, para evitar a extradição para a Suécia, onde foi acusado de violação por por duas mulheres, acusação que nega.

Snowden celebra comutação da pena de Manning

Edward Snowden, que expôs, em 2013, os programas de espionagem dos Estados Unidos, congratulou-se na terça-feira com a comutação da pena de Chelsea Manning.

“Que seja aqui dito com sinceridade, de coração: Obrigado, Obama“, escreveu, no Twitter, o antigo analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) que se encontra refugiado na Rússia.

Snowden também utilizou a rede social para enviar uma mensagem a Manning: “Dentro de cinco meses estarás livre. Obrigado pelo que fizeste por todos, Chelsea“.

Na semana passada, ao admitir a possibilidade de Chelsea Manning ser perdoada, a Casa Branca esclareceu haver uma “grande diferença” entre o de Manning e o de Snowden, já que a primeira foi condenada e reconheceu a gravidade dos seus atos”, enquanto o segundo “fugiu e refugiou-se num país que tentou minar a confiança da nossa democracia“.

O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest reconheceu que os atos de Chelsea Manning foram “graves para a segurança nacional”, mas apontou que os de “Edward Snowden foram muito mais graves e muito mais perigosos”.

AF, ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.