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Nova pista surpreendente envolve neonazis na morte da “Maddie alemã”

(dr)

Peggy Knobloch, a "Maddie Alemã"

Peggy Knobloch, a “Maddie Alemã”

A investigação em torno do mistério de uma menina de 9 anos, conhecida como a “Maddie Alemã”, ganhou uma nova pista que pode revelar-se decisiva, depois de terem sido encontrados vestígios de ADN de um terrorista neonazi junto ao seu cadáver.

Conhecida como a “Maddie Alemã”, Peggy Knobloch tinha 9 anos quando desapareceu, em 2001, e só no passado mês de Julho, o seu corpo foi encontrado, por um apanhador de cogumelos que passava numa zona florestal, a cerca de 15 quilómetros da localidade onde a criança vivia.

Segundo o jornal alemão Der Spiegel, sabe-se agora que junto ao cadáver da menina foram encontrados vestígios de ADN de Uwe Böhnhardt, um dos três elementos do grupo neonazi Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), que esteve envolvido na morte de várias pessoas.

A descoberta vem adensar o mistério em torno da morte da criança.

Böhnhardt suicidou-se, juntamente com um colega da NSU, Uwe Mundlos, fazendo-se explodir antes de a polícia chegar, depois de terem atacado um banco. Além de assassino, surge a possibilidade de que tivesse afinal sido também pedófilo.

Neonazi tinha ligações a pedófilos

A possibilidade de Peggy ter sido assassinada no âmbito de um crime sexual foi uma das mais fortes seguidas pela polícia alemã, até porque a menina “vivia rodeada de pedófilos”, conforme sublinha o Der Spiegel, lembrando que há vários casos de suspeitos e de condenados nas redondezas da sua casa.

A mãe da criança também arrendava quartos a camionistas, colegas do seu companheiro e padrasto da menina, que passavam vários meses em casa dela.

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Uwe Böhnhardt, terrorista do grupo neonazi Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU)

Uwe Böhnhardt, terrorista do grupo neonazi Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU)

O próprio Uwe Böhnhardt esteve sob suspeita das autoridades, após o homicídio de um rapaz de 9 anos, em 1993.

A polícia encontrou também, nas instalações da NSU, brinquedos de criança e pornografia infantil num computador. O processo judicial em torno dos crimes por ele cometidos ligou-o a outros pedófilos.

Os ataques do grupo terrorista visavam sobretudo turcos e mataram nove menores estrangeiros e uma chefe de polícia alemã. Tinham o seu quartel-general a cerca de 85 quilómetros do lugar onde vivia a menina, o que reforça a ideia de que Böhnhardt pode ser o assassino que há muito se procura.

Os vestígios de ADN vêm enriquecer a investigação, mas não necessariamente dar certezas quanto à morte da “Maddie Alemã”.

A investigação vai centrar-se nesta nova pista, nomeadamente revendo antigos testemunhos que foram desvalorizados no início ou vistos como falsos.

Um centímetro de tecido e muitos “ses”…

A menina de 9 anos saiu da escola de Lichtenberg, uma localidade no norte da Baviera, a 7 de Maio de 2001 e nunca mais foi vista. O seu corpo só foi encontrado neste ano, a poucos quilómetros de onde morava, e junto dele estava um pequeno pedaço de tecido de cerca de um centímetro  que continha vestígios de ADN do neonazi.

A amostra pode ser de “um tecto” de um carro, segundo o Der Spiegel que salienta que “não estava caído directamente ao lado do esqueleto e só foi descoberto numa investigação posterior da cena do crime”.

As autoridades estão a ponderar várias hipóteses e admitem que “talvez o assassino conhecesse Uwe Böhnhardt” ou talvez estivesse a usar um carro comprado ao terrorista ou ainda que poderá ter pedido ajuda ao neonazi para se livrar do corpo da criança.

Outra possibilidade que surge em cima da mesa é estar em causa um erro no manuseamento dos corpos da menina e do neonazi, já que ambos foram analisados no mesmo Instituto – o terrorista em Novembro de 2011 e o cadáver da menina em Julho de 2016.

Mas o Instituto de Medicina Legal Alemã, contactado pelo Der Spiegel, nega essa hipótese, alegando que o tecido com ADN não foi analisado no mesmo local.

Todavia, a hipótese não pode ser totalmente excluída e não seria a primeira vez que a “contaminação de provas” motivava confusão no âmbito de investigações policiais na Alemanha.

Há ainda que considerar que o tecido pode ter surgido no local por mera casualidade, o que parece demasiada coincidência para ser verdade.

O promotor público Herbert Potzel salienta no Der Spiegel que é preciso “confirmar o caminho da pista de forma precisa e segura”.

E há um nome que surge como potencialmente decisivo para o caso. Trata-se da única sobrevivente dos crimes da NSU, Beate Zschäpe, que está detida e a ser julgada na Alemanha. As autoridades têm esperanças de que ela possa ter alguma informação que ajude a desvendar o mistério.

SV, ZAP

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