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Na fila às 5 da manhã para ser atendido na Loja do Cidadão das Laranjeiras

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A procura pelos serviços da Loja do Cidadão das Laranjeiras, em Lisboa, aumentou nos últimos meses, após o fecho da Loja dos Restauradores, obrigando os utentes a madrugar para conseguir vez e esperar mais de cinco horas pelo atendimento.

A Loja do Cidadão das Laranjeiras só abre às 08:30, mas a partir das 05:00 já há quem faça fila à porta para conseguir ser o primeiro a tirar senha e ser atendido sem esperar horas a fio.

Ainda o sol estava a nascer num dos últimos dias da semana passada, quando Pedro Gama, de 50 anos, funcionário da Câmara de Lisboa, se deslocou àquela Loja, para vir a ser o primeiro na fila que lhe permitisse estar despachado antes das 13:00, hora a que entra ao trabalho.

“Se não viesse tão cedo só saía daqui à noite. Como ainda tenho de ir trabalhar, não tenho outra hipótese”, afirmou.

Depois de Pedro Gama muitas mais pessoas foram chegando. Às 06:30 já havia uma fila de 38 pessoas, que circundava o edifício da Loja do Cidadão e se ia alastrando aos prédios vizinhos. Minutos antes da Loja abrir contabilizavam-se cerca de 200 pessoas à espera para tirar senha.

De forma ordenada, as pessoas foram respeitando os lugares da fila quando as portas da Loja do Cidadão das Laranjeiras abriram.

Os serviços mais procurados foram a Segurança Social, o Registo Criminal e a Entidade do Registo e Notariado do Cidadão, responsável pela emissão do Cartão de Cidadão.

Como forma de garantir que todas as pessoas com senha fossem atendidas, alguns serviços suspendem a retirada de senhas, retomando-as à tarde, caso se justifique.

Pelas 10:00, o serviço da Segurança Social já tinha as senhas suspensas, com 300 retiradas desde as 08:30.

Com oito mesas de atendimento, o serviço da Segurança Social funciona a “meio gás”, com apenas quatro postos abertos, um dos quais destinado a pessoas prioritárias.

Joana Leonardo, 29 anos, com a senha número 100 para a Segurança Social, não teve de esperar muito porque pediu ao pai para lhe guardar vez, tendo este chegado às 08:15. Mais de cinco horas depois, foi atendida.

“Esta Loja está sempre a abarrotar de gente, mas aqui na Segurança Social é sempre a parte pior, é o pandemónio”, disse, acrescentando que muitas pessoas se “cansam e vão-se embora”.

Para tratar da licença de maternidade, Geolciana Assunção, 26 anos, estava com o filho recém-nascido com apenas dez dias à espera de ser atendida.

“A minha prima esteve desde as 08:00 para conseguir uma senha, sou o número 59, são 13:00 e ainda não fui atendida”, lamentava.

Grávida de sete meses e duas semanas, Oksana Ivanichenko, 30 anos, costumava ir à Loja dos Restauradores, agora teve de recorrer à das Laranjeiras. Quando chegou, às 10:45, já não havia senhas, teve de pedir à funcionária, que lhe entregou o número 61 da fila prioritária.

Atendida cerca das 13:00, teve de esperar mais de duas horas. “Acho que é muito tempo para uma caixa de prioridade. Faltam mais pessoas a atender”, considerou.

Apanhado de surpresa, Basílio Fernandes, 59 anos, chegou às 13:00, quando já não havia senhas para a Segurança Social.

“Isto deve-se ao facto do país, com tanta gente a querer trabalhar, encerrar serviços. Isto não é uma resposta ao cidadão que trabalha e vai afetar a economia do país, pois terei que deixar de trabalhar um dia para perder aqui ou, então, terei de dormir aqui”, disse, indignado.

A Agência para a Modernização Administrativa (AMA) confirmou à agência Lusa “um aumento de afluência nos últimos meses na Loja do Cidadão das Laranjeiras”.

João Vasconcelos, da AMA, apontou que este aumento “não está apenas relacionado com a decisão de encerrar a loja dos Restauradores, devido a rendas imobiliárias excessivamente elevadas, mas também com aumentos significativos na procura de serviços de renovação do Cartão de Cidadão, por exemplo”.

Como alternativa à Loja do Cidadão das Laranjeiras, este responsável da AMA sublinhou que existem “várias opções de atendimento na grande Lisboa, como as Lojas do Cidadão de Marvila, Odivelas e Cascais, bem como os recém-lançados Espaços do Cidadão”.

/Lusa

19 Comments

    • Caro Pedro,
      No ZAP os artigos são acompanhados com fotos de 2 tipos: informativas ou ilustrativas.
      As informativas são relacionadas com o conteúdo da peça e têm normalmente uma legenda que a contextualiza.
      As ilustrativas são… ilustrativas.

  1. Será que os iluminados que determinaram o fecho dos serviços,fazem uma ideia do prejuízo que tal representa na globalidade para os contribuintes (palavrão que gostam muito de frisar nos demagógicos processos organizativos ) ao fim e ao cabo ao principio bas que não vislumbram dois dedos à frente do seu apêndice nasal..
    A sua matemática das coisas resume-se, afinal de contas ao principio básico de que dois e dois são quatro e não 22 como seria mais certo.
    Pobres ratos do esgoto das ideias.

  2. Meu Deus! O pior é o ZAP tentar justificar a foto, totalmente descontextualizada. Foto ilustrativa? Então se esse for o intuito, somente uma foto ilustrativa, sugestões: Filas para comprar gelado em uma praia paradisíaca, fila de supermercado, fila para conseguir um autógrafo do Cristiano Ronaldo etc. Quanta bobagem, hein ZAP.

  3. Mas como é possível usarem uma foto que não corresponde à temática do artigo e, em vez de assumirem o erro, usam o termo ilustrativo para disfarçar. Onde é que está indicado que a foto é ilustrativa?? Isto não só é péssimo jornalismo como merecia uma séria chamada de atenção. Fala-se tanto de liberdade de expressão mas há muito quem não a saiba usar.

    • Cara Carla
      Não estamos a “disfarçar” coisa nenhuma. E não foi um erro, foi uma opção.
      Se tiver o cuidado de analisar os restantes artigos do ZAP, verá que temos invariavelmente fotos informativas, normalmente contextualizadas e legendadas, e fotos ilustrativas, que não são “literais”, só vagamente têm alguma relação directa com o tema retratado, e têm apenas o crédito, sem legenda.
      Não tendo sido possível obter foto uma literal do tema, usámos uma foto que não pretende mais do que representar, com um toque de humor, “uma fila muito grande”.
      Porque é esse o assunto da noticia: ao que parece, há uma fila muito grande.
      Não transforme portanto, por favor, o ZAP em mais uma arena de arruça política. Nem tudo é uma conspiração, nem tudo é uma manipulação.
      Termino deixando uma nota de inquetação pelo facto de os leitores (com excepção do José da Costa-Pereira) se preocuparem mais em comentar o uso artístico livre da foto que despretensiosamente foi usada para ilustrar a notícia (escolha que mantemos), do que o teor da notícia em si.

  4. Por muita razão que o artigo possa ter, o uso de uma fotografia completamente descontextualizada e desproporcionada dá a entender uma clara tentativa de manipulação. Haja algum cuidado!

    • Caro MB Serra, obrigado pelo seu construtivo comentário.
      Efectivamente, a foto é desporcionada. É uma figura de estilo (creio que se chama “hipérbole”) com a qual se pretendeu dar um toque de humor, sem qualquer intenção de manipulação (que o ZAP abomina).
      Futuramente, em particular em temas fracturantes que possam despertar paixões, teremos o cuidado de não usar, para ilustrar uma notícia, uma imagem que retire o protagonismo ao seu conteúdo.

  5. despeçam nos e ponham quem trabalhe….querem é ferias,feriados,faltas e greves e manifes,para isso é que esses aspiradores de impostos servem….

  6. Lição sobre o uso desta “foto ilustrativa”: conseguiu desviar atenções do tema da notícia; foi uma distração e, logo, teria sido preferível não a utilizar. Uma foto destas deve ser acompanhada de legenda que explique, por exemplo, “fila na Loja do Cidadão das Laranjeiras comparável a…” Ou, melhor ainda, se estavam 200 pessoas na fila na hora de abertura da LC, porque não incluir uma foto dessa fila? Os telemóveis não servem só para as selfies.

  7. o problema já é suficientemente mau e não precisa de uma camada de manuipulação por cima, seja intencional ou alegadamente não.
    se a foto foi uma opção , então foi uma opção errada. ou punham uma foto da fila ou não punham nada. isso de fotos ilustrativas para documentar factos é algo destituído de ética e senso.
    uma foto ilustrativa admite-se numa notícia de algo sucedido em Paris, colcoando uma paisagem de Paris.
    O resto é, objectivamente, manipulação, intencional ou não

    • Intencional ou não, manipulação é também discutir o facto colateral e não o facto central.

      Sendo tal intolerável, optamos neste momento por remover a foto do artigo, que ficará sem qualquer ilustração.

      Discuta-se então agora a notícia, se a mesma o justificar.

  8. No meu fraco entender de simples operário emigrante na Holanda onde resido desde 1964 e já velhote,90 anos,digo que a Loja do Cidadão devia existir em cada Freguesia e poderia ser no edifício da Junta de Freguesia e inclusivé com acesso para deficientes motores.

  9. Esta situação é terceiro mundista… Tanta burocracia mesmo com tudo informatizado hoje em dia… Tenho vergonha de ser português.

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