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Morreu Eduard Shevardnadze, herói do fim da Guerra Fria

Helene C. Stikkel / USDD

Eduard Shevardnadze, antigo presidente da Geórgia

Eduard Shevardnadze, antigo presidente da Geórgia

O antigo presidente da Geórgia Eduard Shevardnadze, que ajudou a pôr fim à Guerra Fria enquanto último ministro dos Negócios Estranheiros da ex-URSS, morreu esta segunda-feira aos 86 anos.

“Shevardnadze morreu hoje ao meio dia”, disse Marina Davitachvili, próxima da família, acrescentando que “ele esteve muito tempo doente”.

Eleito presidente em 1995, Shevardnadze demitiu-se em 2003, quando se deu a “Revolução das Rosas”, deixando um país empobrecido e próximo do caos.

No ocidente, Shevardnadze ficou como um herói que ajudou a pôr fim à Guerra Fria, enquanto último ministro dos Negócios Estrangeiros soviético.

Enquanto chefe da diplomacia do último líder soviético Mikhail Gorbachev, Shevardnadze negociou tratados de redução de armamento com os Estados Unidos e o acordo que levou à demolição do Muro de Berlim, em 1989.

“Não sei se a Guerra Fria terminaria pacificamente sem ele. Ele mudou as nossas vidas… o homem é um herói”, disse em 2000 o antigo secretário de Estado norte-americano James Baker, que passou longas horas à mesa das negociações com Shevardnadze.

Mas quando a “Revolução das Rosas“, em 2003, o obrigou a demitir-se, milhares de pessoas dançaram e cantaram nas ruas da capital, Tbilisi, em cenas semelhantes às comemorações que Shevardnadze ajudou a criar, mais de uma década antes, em Berlim, Praga e outras cidades da Europa ocidental.

Os dez anos em que foi presidente da Geórgia deixaram o país na pobreza e no caos. Só os protestos em massa levaram ao seu afastamento, evitando o derramamento de sangue que muitos receavam caso Shevardnadze permanecesse no poder.

Shevarnadze nasceu a 25 de janeiro de 1928 na aldeia de Mamati, quando Josef Estaline – também da Geórgia – consolidava o seu regime na União Soviética.

Aderiu ao Partido Comunista aos 20 anos e iniciou uma rápida ascensão. Em 1968, já era ministro do Interior da Geórgia e quatro anos depois foi nomeado primeiro secretário do Partido Comunista do país. Nesta época liderou uma campanha anticorrupção e uma brutal repressão dos dissidentes políticos.

Em 1978, foi promovido ao comité central soviético (o “Politburo”) em Moscovo, onde, um ano mais tarde, Gorbachev se tornou no membro mais novo. Os dois partilhavam a ideia de que a União Soviética precisava de reformas e quando Gorbachev assumiu a liderança da URSS, em 1985, nomeou Shevardnadze chefe da diplomacia.

/Lusa

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