Na mitologia dá-se o nome de quimera a qualquer animal que tenha partes do corpo de outro animal. Agora, diversas equipas de cientistas estão a criar quimeras – juntando partes de animais com partes humanas.
A notícia, lida repentinamente, pode causar choque, horror e espanto, mas estes cientistas não enlouqueceram. Querem apenas encontrar a cura para certas doenças.
Um destes cientistas é Pablo Ross, biólogo reprodutivo da Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados Unidos.
Pablo Ross está a trabalhar com embriões de porco, tentando que eles produzam pâncreas humano – o tipo de avanço que poderia salvar pessoas como Steve Jobs ou o actor António Feio.
Na abordagem de Ross, os embriões de porco passam por uma técnica de edição de genes, que elimina o gene que o porco necessita para desenvolver um pâncreas. A seguir, células estaminais pluri-potenciais humanas são injectadas no embrião.
25 destes embriões são então implantados directamente no útero de cada porca. 28 dias depois, o embrião é retirado e dissecado.
Pablo Ross quer verificar se as células estaminais humanas despoletam o desenvolvimento de um pâncreas humano no corpo da porca, aproveitando o facto de o embrião da porca não poder desenvolver o seu pâncreas, ou se migram para outro lugar do embrião, e fazem outra coisa.
O dilema da ética, ou o filho do casal de porcos
Esta técnica poderia servir para transformar animais em dadores perfeitos para os seres humanos, já que a célula estaminal viria do próprio paciente que precisa do pâncreas – ou seja, sem risco de rejeição.
O problema é que as células estaminais não são vocacionadas para desenvolver especificamente o pâncreas – podem fazer qualquer coisa.
Por exemplo, as células estaminais humanas poderiam interferir no desenvolvimento do cérebro do porco, dando-lhe um cérebro igual ao humano – e consciência humana, segundo alguns. Poderiam formar gâmetas que produzam células reprodutivas humanas?
Nesse caso, um porco macho que produzisse esperma humano poderia copular com uma porca que produza óvulos humanos, e o embrião seria humano. No útero de uma porca.
Estes e outros cenários levantam o dilema ético da criação de quimeras.
O professor de biologia celular e anatomia Stuart Newman, do Colégio de Medicina de Nova Iorque, nos Estado Unidos, diz à NPR que “estamos a entrar em território desconfortável, que acho que está a danificar o nosso sentido de humanidade.”
Estas preocupações fizeram com que o National Institutes of Health dos EUA tenha imposto uma moratória ao financiamento deste tipo de pesquisa, pelo menos até que haja algum estudo sobre a ética destes trabalhos.
“Não estamos a tentar fazer uma quimera só por que queremos ver algum tipo de criatura monstruosa”, explica Pablo Ross, “estamos a fazer isto com um objectivo biomédico”.
Rosso realça que, por que não ter a certeza de qual o comportamento que as células estaminais vão ter, e o que vão fazer, nunca deixa os embriões passarem dos 28 dias – e que nunca deixaria que duas quimeras se reproduzissem.
“Estamos cientes e sensíveis às preocupações éticas”, diz Ross. Claramente, Pablo Ross é um bom cientista, não um “cientista louco”. Mas não os haverá por aí?
// HypeScience
Em Portugal já há muito que temos quimeras, basta vê-los no parlamento, corpo de humano e cérebro de…
Pode parecer algo louco, mas considero estes estudos fascinantes.
Na II Guerra Mundial, cientistas Nazis fizeram experiências semelhantes, mas com cães, só pararam porque foi considerado bárbaro fazer experiências ao melhor amigo do homem.
Aproveito e menciono que também “houve sucesso” na reanimação de um corpo, mas também foi posto de parte porque ficaram com medo das implicações.
Bem, desde que fazer quimeras não custem um braço, uma perna e um irmão…