Investigadores da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, dizem ter descoberto um tratamento que poderia eliminar o cancro de pâncreas em cerca de uma semana.
O cancro de pâncreas, um dos mais letais e difíceis de combater, é a oitava causa mais comum de mortes por cancro no mundo. Afecta homens e mulheres igualmente e é mais frequente em pessoas com idade acima dos 60 anos.
O fundador da Apple, Steve Jobs, o actor americano Patrick Swayze e o actor português António Feio estão entre as vítimas famosas da doença.
Por apresentar poucos sintomas nos seus estágios iniciais, o cancro pancreático costuma ser diagnosticado somente no seu estágio mais avançado.
A nova pesquisa, liderada pelo professor Douglas Fearon, observou que a barreira em volta das células do cancro é formada pela proteína quimiocina CXCL12, que é produzida por células especializadas do tecido conjuntivo – responsável por unir e proteger os outros tecidos.
Após identificarem como funciona a barreira protectora que circunda os tumores, os cientistas desenvolveram um medicamento que consegue rompê-la, permitindo que o sistema imunológico do corpo mate as células cancerígenas.
A proteína envolve as células do câncer e forma uma espécie de escudo contra as células T – que fazem parte do sistema de defesa do organismo.
O novo tratamento impede que as células T interajam com a proteína CXCL12. Desta forma, o “escudo” deixa de funcionar e as células conseguem penetrar no tumor.
“Ao permitir que o corpo use as suas próprias defesas para atacar o cancro, esta solução tem o potencial de melhorar muito o tratamento de tumores sólidos”, disse Fearon.
Testes iniciais do tratamento – que consiste em doses do medicamento combinadas com uma substância que potencializa a açcão das células de defesa do organismo – resultaram na eliminação quase total do cancro em ratos, em seis dias.
As conclusões foram divulgadas na publicação científica americana PNAS. De acordo com a Universidade de Cambridge, é a primeira vez que se consegue um resultado como este é conseguido em pesquisas sobre o cancro do pâncreas.
Caso seja bem sucedido, o tratamento também poderia ser usado em outros tipos de tumores sólidos – como em casos de cancro de pulmão e cancro de ovário.
De acordo com a Universidade de Cambridge, ainda não há data para testes clínicos em seres humanos.
ZAP / BBC