O golfo de Omã, estreito que liga o mar arábico e o golfo pérsico, regista uma dramática diminuição de oxigénio e tem uma cada vez maior “zona morta”, confirmaram estudos da Universidade East Anglia, do Reino Unido.
Investigadores da Universidade de East Anglia, em Norfolk, no Reino Unido, identificaram uma brusca redução do oxigénio presente nas águas do Golfo de Omã, no noroeste do Mar Arábico.
Segundo o estudo, publicado a semana passada na revista Geophysical Research Letters, a crescente “zona morta” foi confirmada por Seagliders, robôs submarinos que recolheram dados em águas anteriormente inacessíveis, devido a pirataria e tensões geopolíticas.
Os Seagliders podem descer até aos mil metros de profundidade e viajar pelo oceano durante meses, cobrindo milhares de quilómetros.
Dois destes drones submarinos foram posicionados no golfo de Omã durante oito meses e, comunicando por satélite, construíram uma imagem subaquática dos níveis de oxigénio e da mecânica oceânica que transporta o oxigénio de uma zona para outra.
Os resultados da pesquisa indicaram que onde era esperado algum oxigénio foi encontrada uma região com 165.000 km² – quase o dobro da área de Portugal – com quase nenhum oxigénio.
Simulações de computador indicam uma diminuição do oxigénio nos oceanos no próximo século e o aumento da zona morta, que, segundo um estudo da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos tinha atingido em 2017 o maior tamanho de sempre.
Os autores do estudo, citados pelo diário britânico The Independent, afirmam que a situação é “pior do que receavam”, pondo em risco a vida aquática e ameaçando transformar-se num sério problema ambiental.
A investigação foi conduzida por Bastien Queste, da Faculdade de Ciências Ambientais da East Anglia, em colaboração com a Universidade Sultan Qaboos, de Omã. Bastien Queste explica que as áreas mortas são zonas no oceano desprovidas de oxigénio e ocorrem naturalmente entre os 200 e os 800 metros de profundidade em algumas partes do mundo.
“São um desastre à espera de acontecer, tornado pior pelas alterações climáticas, já que as águas mais quentes têm menos oxigénio, e pelos fertilizantes e esgotos que correm para os mares”, disse, acrescentando que o Mar da Arábia é a maior e mais densa zona morta do mundo, onde não tem sido possível colher dados devido à pirataria e conflitos.
“A nossa investigação mostra que a situação é na verdade pior do que nós temíamos, a zona é vasta e está a crescer, o oceano está a sufocar. Claro que os peixes e as plantas marinhas e outros animais precisam de oxigénio, por isso não podem sobreviver ali”, acrescentou ainda o cientista.
“É um problema ambiental real, com consequências terríveis para os seres humanos que dependem dos oceanos para alimentação e emprego”, concluiu Bastien Queste.
ZAP // Lusa / Yale / Science Daily
Aos poucos isto acaba.
Acabou para os dinossauros. Começou para nós. Acaba para nós. Começa para os comedores de lixo…