A misteriosa “zona de incerteza” do nosso cérebro guarda uma surpresa

Uma nova pesquisa descobriu que esta parte do cérebro codifica experiências passadas de uma forma bidirecional especial que nunca tinha sido observada antes.

Um novo estudo publicado na Neuron analisou a “zona da incerteza” do nosso cérebro — uma região sobre a qual sabemos pouco, mas que parece ser responsável pela formação de memórias em conjunto com o neocortéx — fez uma descoberta surpreendente.

Os autores fizeram testes de aprendizagem com matos e analisaram como as ligações entre a zona incerta e o neocortéx operam, dando uma atenção especial às sinapses (as ligações entre os neurónios) e à inibição (o processo cognitivo que “filtra” as coisas que dizemos), relata o Science Alert.

Os resultados mostraram que cerca de metade das sinapses desenvolveram respostas positivas mais fortes durante a aprendizagem, mas a outra metade fez o oposto.

Os resultados são impressionantes. O que observamos foi uma redistribuição completa da inibição dentro do sistema devido à aprendizagem”, explica a neurocientista Anna Schoeder.

Quando o cérebro forma memórias, combina os sinais “de baixo para cima” que chegam do ambiente e os sinais “de cima para baixo” que gera sozinho. Estes sinais “de cima para baixo” podem ser influenciados pelo nosso passado ou pelos nossos objetivos futuros, por exemplo.

A zona incerta lida com um tipo menos comum de sinal “de cima para baixo”, os caminhos de longo alcance inibitórios. Os sinais “de cima para baixo” geralmente acendem os caminhos neurais, no entanto, estes tipos são inibidores, bloqueando estes caminhos à medida que é necessário.

Estes testes mostram que a zona incerta codifica experiências passadas de uma forma bidirecional especial que nunca tinha sido observada antes. Os testes seguintes em que os caminhos da zona incerta foram bloqueados mostraram que a capacidade de aprendizagem dos ratos foi afetada.

“Essa conectividade implica que uma ativação da zona incerta deve resultar numa excitação líquida dos circuitos neocorticais. No entanto, combinar isso com a redistribuição da inibição que vemos com a aprendizagem mostra que este caminho provavelmente tem consequências computacionais ainda mais ricas para o processamento neocortical”, reforça Schoeder.

Sabemos agora sabemos mais sobre como esta região misteriosa do cérebro influencia a memória e a capacidade de aprendizagem. À medida que mais pesquisas se debruçam sobre a zona incerta, menos incerta ela se torna. Estudos anteriores já a associaram ao sono, à alimentação e à dor e ansiedade.

ZAP //

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