“É uma caça às bruxas”. Zelenskyy acusado de criar julgamentos de fachada para silenciar a oposição

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O Governo ucraniano está a ser acusado de orquestrar julgamentos de fachada de espionagem e traição contra opositores políticos. O caso mais notório é o de Roman Dudin, ex-chefe de segurança de Kharkiv, que alega estar preso porque estava a investigar desvios de ajuda humanitária.

A Ucrânia está a apertar a sua busca a traidores e espiões — e já há quem teme que esteja em curso uma “caça às bruxas” e que haja pessoas detidas e julgadas injustamente.

Quase todos os dias são noticiados novos casos de alegadas traições por parte de membros das agências de segurança ou políticos que estarão a colaborar com a Rússia, especialmente dada a facilidade da conquista russa de várias cidades no sul da Ucrânia.

As autoridades ucranianas já disseram que estão apenas no início na missão de apanhar todos os espiões e traidores, mas há políticos e grupos de direitos civis que estão a questionar o secretismo cada vez maior em torno destas investigações e que acusam Zelenskyy de se aproveitar da guerra para fazer uma purga aos seus opositores e para se consolidar no poder.

No último Verão, o presidente ucraniano despediu vários altos cargos públicos, incluindo a procuradora-geral Iryna Venediktova e o chefe de segurança Ivan Bakanov, dois amigos seus. Na sua comunicação à nação, Zelenskyy justificou a remodelação com 650 suspeitas de traição e ajuda à Rússia, incluindo 60 em territórios capturados pelas tropas de Putin.

Há quem acredite que esta caça aos espiões esteja agora a tornar-se uma caça às bruxas. Um dos casos suspeitos envolve Roman Dudin, ex-chefe da segurança de Kharkiv que está a ser julgado por deserção e traição, acusações que nega veementemente. Dudin tem também sido impedido de falar com os jornalistas.

“Há algo de errado com este caso. Esta é a uma acusação política, ele é um agente muito bom, honesto e digno”, afirma Ivanna Klympush-Tsintsadze, ex-vice-primeira-ministra da Ucrânia que agora integra a oposição, ao Politico.

Para Ivanna e outros defensores de Dudin, o agente foi detido por “estar a investigar casos de corrupção que envolvem o autarca de Kharkiv e outros políticos poderosos”. “Esta é uma forma de impedir estas investigações”, acrescenta.

Quando demitiu Dudin em Maio de 2022, Zelenskyy alegou que o chefe de segurança “não fez o seu trabalho para defender a cidade desde os primeiros dias da guerra”. No entanto, Dudin só foi detido e acusado quatro meses depois da demissão, tendo só sido preso em Setembro.

O Ministério Público ucraniano acusa Dudin de “participar em sabotagem” e de “deliberadamente ter criado condições” favoráveis ao roubo de armas por parte dos russos das bases militares em Kharkiv. Os procuradores afirma que Dudin terá acreditado que a “ofensiva russa seria bem-sucedida” e que seria recompensado pela sua traição à Ucrânia.

A defesa de Dudin tem uma versão diferente. Oleksandr Kozhevnikov, principal advogado do agente, lembra que nenhum dos superiores de Dudin apresentou qualquer queixa sobre o seu trabalho antes da sua demissão.

“Dizer que as provas são fracas é um eufemismo — simplesmente não corresponde à realidade. Ele recebeu prémios e reconhecimento pelos seus esforços antes e durante a guerra do Ministério da Defesa. Quando concordei em defendê-lo, disse-lhe que se houvesse qualquer indício de traição, abandonaria o caso imediatamente e não encontrei nenhum”, garante Kozhevnikov.

O Politico avança ainda que consultou documentos de agências ucranianas que põem em causa as acusações de Zelenskyy. Um dos ficheiros refuta a acusação de que Dudin destruiu o sistema de comunicação com Kiev, não tendo sido encontrados danos. Já outro documento do Ministério da Defesa revela que Dudin enviou armas do arsenal de Kharkiv para as forças ucranianas da área.

O advogado alega ainda que o chefe de segurança só saiu de Kharkiv porque foi convocado para Kiev pelos seus superiores para ajudar na defesa da capital. Um vídeo com geolocalização que mostra Dudin no centro de Kiev com outros agentes foi até mostrado no julgamento, mas a juiza não o aceitou como prova.

“O timing da sua demissão é suspeito, foi logo quando estava a investigar alegações de que a ajuda humanitária estava a ser desviada por alguns políticos poderosos”, conta Kozhevnikov.

O caso de Dudin não é o único que levanta dúvidas sobre os julgamentos de espionagem na Ucrânia. Também foram feitas acusações de traição contra Venediktova e Bakanov, que terão alegadamente falhado ao não conseguirem travar a colaboração com a Rússia de alguns membros dos seus departamentos.

Mas em Novembro, sem qualquer explicação, Venediktova foi nomeada embaixadora da Ucrânia na Suíça. Há apenas duas semanas, o Ministério Público também disse não ter encontrado evidências de crimes de Bakanov.

Adriana Peixoto, ZAP //

15 Comments

  1. Os infiltrados podem sempre imigrar para a Russia para saberem o que é caça as bruxas por parte do Ditador fascista Puti.

    • Achas que o putin é o unico ditador nesta guerra?! És muito ingénuo! Não há uma unica guerra onde não tenha havido varios crimes contra a humanidade dos dois lados! Não são os santos que vão para a guerra! Aparece de tudo, boas e más pessoas!

    • Achas que o putin é o unico ditador nesta guerra?! És muito ingénuo! Não há uma unica guerra onde não tenha havido varios crimes contra a humanidade dos dois lados! Não são os santos que vão para a guerra! Aparece de tudo, boas e más pessoas!

      • Dos dois lados? Como assim explicar-te lá onde o Zelensky deu ordem de invasão em 2014 e anexação de territórios russos até aos dias de hoje. Ou onde deu ordens para bombardear escolas, hospitais, maternidades, prédios, pontes pedestres, bombardear com armas químicas(fósforo branco que é banido e assinado pelos russos) . Agora para ser bom tens que deixar te matar, violar e roubar se não és um ditador e má pessoa? Onde moras? Moscovo talvez.

    • Palhaço é quem se defende de ser exterminado e apago da existência…. Ok, anotado. Não é quem invade, mata e quer governar pela força e terror.

    • Olha o Nuno… Já tiveste alta ou estás no regime intermitente?! Vieste com a Luisa12? À noite voltam para a instituição de acolhimento ou ficam à solta? As melhoras para os dois.

  2. Nada que quem está bem informado se espante, Zelensky e seus muxaxos de Democratas nada têm, e tudo fazem para continuarem a guerra para irem ao pote e aniquilarem os seus inimigos políticos, e nós a UE comemos todas as patranhas deste artista, já os USA sabem com quem lidam e dão-lhe a corda que acham que devem dar, quando acharem que lhe devem tirar o tapete fazem-no, e aí veremos se o “Herói” da bandeirada vai continuar no país ou dar de frosque com os bolsos cheios, já que a Ucrânia será um país dependente durante muitas décadas. Tenho pena do seu Povo que sem saber embarcou numa narrativa que em nada os favorece, só quando caírem em si perceberão que foram utilizados como carne para canhão para benefício de uns poucos.

    • No que toca a corrupção os Russos parecem ‘escuteiros’ comparados com os ucranianos.
      São os números da própria União Europeia que o demonstra.
      Ou melhor,…demonstrava. Agora ninguém toca nesse assunto :):):)

  3. Plenamente de acordo, José. Só não vê essa triste realidade quem não quer. Naquela guerra inútil, quem menos importa é o próprio povo. O interesse é sem dúvida de outrem pois tal como muitas outras no passado, não passa de uma guerra mesquinha feita por procuração, com interessem extra locais. Não se vê ninguém a tomar qualquer iniciativa de paz para acabar com aquele conflito inútil. Porque será? Porque será? Pergunto. Portanto, modestamente digo, louvo e saúdo o pobre povo ucraniano – tanto os que puderam fugir como aqueles que não puderam e sofrem às mão de interesses externos.

  4. É verdade. A elite russa arrasta o seu país para a guerra apenas para se encher ainda mais de dinheiro. Esse é o motivo pelo qual o Prigozhin ainda está vivo. É que ele sabe tudo. Afinal, também mama. Na Rússia o salário médio ronda os 180 euros. No entanto, abundam os iates milionários e as grandes empresas que outrora eram do estado russo.

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