Estava em Hiroshima quando a bomba caiu. O diário dos 13 anos que viveu foi doado a um museu

1

ZPA // Bookey / Jiji Press

Yoko Moriwaki tinha 13 anos quando a bomba explodiu em Hiroshima. Morreu durante a noite, devido à exposição à radiação. O seu diário relata a forma como viveu plenamente durante a guerra.

Um diário e outros objetos pertencentes a Yoko Moriwaki, adolescente que morreu durante o bombardeamento de Hiroshima pelos EUA, foram doados a um museu memorial local.

“Estes objetos deveriam tornar-se memória da humanidade”, disse Yo Hosokawa, de 66 anos, sobrinho da adolescente, depois de doar os pertences da tia ao Museu Memorial da Paz de Hiroshima.

O diário e estes objetos “são uma prova de que Yoko viveu a sua vida plenamente durante a guerra”, afirmou Yoshifumi Ishida, diretor do museu, citado pelo The Japan Times. “Espero que muitas pessoas os vejam e sintam a desumanidade das bombas atómicas“.

A 6 de agosto de 1945, Yoko Moriwaki, então aluna do primeiro ano do ensino secundário, encontrava-se a cerca de 800 metros do centro da explosão. A adolescente morreu durante a noite devido à exposição à radiação.

As entradas no seu diário começaram no dia em que iniciou o ensino secundário. Na última entrada, feita no dia anterior ao bombardeamento, pode ler-se: “Os preparativos para a evacuação começarão amanhã. Vou esforçar-me muito”.

Na página após a sua última entrada, há uma mensagem do pai, Ataru, que só soube da sua morte quando regressou da China após o fim da guerra. Na sua mensagem, escreve que esperava que Yoko pudesse descansar em paz.

Em 2015, o conteúdo do diário foi traduzido e publicado em inglês, com o título “O Diário de Yoko: a vida de uma adolescente em Hiroshima durante a II Guerra Mundial”.

“No seu diário, Yoko faz um relato da época, quando as condições eram tão precárias que crianças com 12 anos eram obrigadas a trabalhar, ferozes batalhas aconteciam no Pacífico e crianças como Yoko acreditavam que a vitória estava próxima“, lê-se no prefácio do livro.

A 7 de junho, aniversário da tia, Hosokawa visitou o seu túmulo, onde deu a conhecer que iria doar os seus pertences ao museu dela.

“O 80.º aniversário do bombardeamento atómico oferece uma boa oportunidade para passar o testemunho de uma caixa de memórias pessoais para o mundo e para o futuro”, disse Hosokawa. “Quero que as pessoas sintam o pesar de uma vítima cuja pequena vida foi subitamente interrompida“.

Em agosto de 1945, os Estados Unidos detonaram bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A bomba de urânio lançada às 08.15h do dia 6 em Hiroshima explodiu a cerca de 580 metros de altitude sobre a cidade ainda meio adormecida, alheia à catástrofe que sobre si estava prestes a acontecer.

Estima-se que 70 mil pessoas tenham morrido instantaneamente, e 145 mil até ao fim do ano de 1945. Yoko Moriwaki sobreviveu algumas horas, deixando-nos o relato dos 13 anos e quase dois meses que viveu.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.