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Wikileaks expõe planos de chantagem do FMI sobre Europa e Grécia

Vladimir Vyatkin / Wikimedia

Poul Thomsen, diretor europeu do FMI

Poul Thomsen, diretor europeu do FMI

A WikiLeaks publicou hoje a alegada transcrição de uma teleconferência entre dois responsáveis do FMI, na qual discutem a estratégica para a Grécia aceitar mais cortes orçamentais e para levar a Alemanha ceder a uma nova reestruturação da dívida.

O documento, publicado este sábado, identifica os interlocutores como o diretor de assuntos para a Europa do Fundo Monetário Internacional, Poul Thomsen, e a chefe da missão da instituição na Grécia, Delia Velculescu, tendo a conversa acontecido a 19 de março último.

O plano passaria por ameaçar a Alemanha com a saída do FMI da Troika e forçar Berlim a aliviar a dívida grega, aproveitando a já existente pressão politica interna alemã da crise dos refugiados.

O objetivo seria conseguir uma renegociação da dívida grega e um ‘superavit’ grego superior ao pretendido por Bruxelas em 2018.

Na conversa, ambos os responsáveis mostram-se muito exasperados com o ritmo lento das negociações quanto às reformas à concretizar pelos gregos e a pouca pressão por parte das instituições e parceiros europeus, e falam sobre a estratégia a adotar nas negociações do terceiro programa de resgate para o FMI fazer valer a sua posição.

A instituição liderada por Christine Lagarde, depreende-se da conversa, defende metas orçamentais mais exigentes, que implicam maiores cortes de despesa, como um excedente primário orçamental de cerca de 3,5% do Produto Interno Bruto, e propõe um alívio da dívida grega.

Durante a conversa, Poul Thomsen lembra que, no passado, os gregos só aceitaram ceder às exigências “quando estavam prestes a ficar sem dinheiro e a entrar em incumprimento”.

Thomsen fala ainda da reestruturação da dívida grega, que há bastante tempo o FMI defende, e da forma como levar a Alemanha a aceitá-la.

“Basicamente, nós a certa altura dizemos. ‘Olhe, senhora Merkel, tem um desafio e tem de pensar o que lhe traz mais custos. Ir em frente sem o FMI e, aí o parlamento alemão irá questionar ‘O FMI não participa?’, ou escolher o alívio da dívida que é necessário para estarmos dentro'”, afirma Thomsen.

Na sequência da divulgação destes documentos, segundo o jornal Público, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras convocou já uma reunião de emergência, com a participação dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Nikos Kotzias, e das Finanças, Euclides Tsakalotos.

“Não vamos permitir que façam jogos em detrimento do nosso país”, disse uma fonte do Governo grego à agência de notícias grega Amna.

ZAP

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