Webb sugere que estamos dentro de um buraco negro

James Webb

Ilustração de um buraco negro num aglomerado globular.

Poderemos estar dentro de um buraco negro? Segundo os cientistas, essa é uma de três teorias que explicam o estranho padrão na rotação das galáxias do Universo primitivo que o Telescópio Espacial James Webb (JWST) detetou.

Um novo estudo baseado em observações do famoso telescópio revelou um estranho padrão na rotação de galáxias do Universo primitivo, o que segundo os cientistas da  Universidade do Kansas levanta uma questão: estará o nosso cosmos situado no interior de um buraco negro?

A equipa analisou imagens de 263 galáxias do Universo primitivo, suficientemente nítidas para discernir a sua direção de rotação, graças às poderosas capacidades de infravermelhos do Webb, que já mostrou aos astrónomos a luz emitida por galáxias distantes apenas 300 milhões de anos após o Big Bang.

De acordo com os modelos cosmológicos atuais, o Universo deveria ser homogéneo a grandes escalas, isto é, não deveria haver uma direção preferencial para a rotação das galáxias. Mas estes investigadores, segundo o estudo publicado em meados de fevereiro na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, encontraram uma discrepância significativa na direção de rotação.

Das galáxias estudadas, 105 (40%) rodavam no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, enquanto as outras 158 (60%) rodavam no sentido dos ponteiros do relógio. “A diferença é tão óbvia que qualquer pessoa que olhe para a imagem a consegue ver“, confessa Lior Shamir, professor de ciências informáticas na Faculdade de Engenharia Carl R. Ice, em comunicado da U. Kansas.

Universidade do Kansas

Campo estrelado de galáxias, com círculos vermelhos e azuis à volta de algumas galáxias para indicar direcções de rotação opostas. Galáxias espirais fotografadas pelo JWST que rodam na mesma direção em relação à Via Láctea (vermelho) e na direção oposta em relação à Via Láctea (azul). O número de galáxias que rodam na direção oposta em relação à Via Láctea, tal como observadas da Terra, é muito maior.

As três teorias dos cientistas

A partir da surpresa, os cientistas começaram a ponderar novas explicações. Uma delas aponta para a possibilidade de o Universo ter nascido com uma rotação preferencial. Segundo o IFLScience, alguns modelos cosmológicos, incluindo teorias como o universo elipsoidal, o big bang dipolo e a inflação isotrópica, propõem que a distribuição em grande escala das rotações das galáxias poderia estar alinhada ao longo de um eixo à escala cosmológica.

A ser verdade, este alinhamento poderia coincidir com a posição do pólo galáctico — embora os investigadores lembrem que tudo pode não passar de uma coincidência.

Mas a teoria mais “picante” apresentada pela equipa sugere que a rotação do Universo poderia ser o resultado de este se encontrar dentro de um buraco negro, num Universo maior. A ideia alinha-se com o conceito de cosmologia dos buracos negros, que postula que todo o nosso universo existe no interior de um buraco negro.

“Mas se o Universo nasceu de facto em rotação, isso significa que as teorias existentes sobre o cosmos estão incompletas”, reflete Shamir: se assim for, “teremos de recalibrar as nossas medições de distância para o Universo profundo”.

A hipótese carece de mais provas para ganhar força.Nisto, a equipa tem uma terceira teoria: o efeito Doppler — que faz com que a luz dos objetos que se afastam de nós apareça desviada para o vermelho e a luz dos objetos que se aproximam de nós apareça desviada para o azul.

De acordo com a teoria, as galáxias que giram em sentido contrário ao da Via Láctea pareceriam mais brilhantes, distorcendo os resultados. Se a velocidade de rotação da Via Láctea tiver um efeito maior do que o anteriormente assumido, isso poderia explicar porque é que as galáxias que giram na direção oposta aparecem mais proeminentes nas observações do Universo distante. Este efeito pode ter muito maiores  implicações para a nossa compreensão da cosmologia.

ZAP //

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