PS e Chega agradecem, Bloco sai a perder: 673 mil votos foram “para o lixo”

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André Kosters / Lusa

Boletim de voto nas eleições regionais dos Açores 2024

11% dos votos válidos não foram convertidos em mandatos. O Bloco foi o mais prejudicado e o PS teve todos os votos convertidos em mandatos. “Círculo de compensação mitigaria a situação.”

Cerca de 11% dos votos válidos, isto é, mais de 673 mil votos, não foram convertidos em mandatos — a maioria, no Norte.

“Tendo em conta os resultados provisórios divulgados ao longo da noite de ontem, o número absoluto de votos não convertidos em mandatos está, neste momento, cifrado em 673.382 votos. Percentualmente, corresponde a 11,25% do total de votos depositados nas urnas, ou seja, 1 em cada 9 votantes”, confirma ao Jornal de Notícias o investigador Luís Humberto Teixeira.

BE penalizado, PS até ao tutano

Com 126.520 votos não convertidos em mandatos, o Bloco de Esquerda (BE) foi o partido mais prejudicado pelo sistema de eleições e pela falta de um círculo de compensação. Perdeu 46% dos votos.

Segue-se a ADN com 100.044, a CDU com 87.883, o PAN com 85.750 e a Iniciativa Liberal com 78.625.

Já o PS teve todos os votos convertidos em mandatos e o Chega só não converteu os 13.216 que obteve em Bragança, o único distrito em que o partido de André Ventura não elegeu ninguém. Segue-se a AD, que só não converteu os 14.132 votos que recebeu no círculo eleitoral de Portalegre.

“O fim do bipartidarismo de que André Ventura falou reflete-se nos votos não convertidos em mandatos, pois o Chega tem uma aparente implementação territorial ao nível dos dois maiores partidos, o que nunca aconteceu com nenhuma outra força em 50 anos de democracia”, diz Luís Humberto Teixeira.

Círculo de compensação mitigaria a situação

Se o círculo de compensação existisse, a ADN (Alternativa Democrática Nacional), uma das grandes surpresas da noite eleitoral, tinha conseguido um lugar no parlamento — ou até um grupo parlamentar, dependendo da dimensão do círculo.

Nessa situação está também o PAN, que por 800 votos não conseguiu um grupo parlamentar, tendo elegido apenas Inês Sousa Real, pelo círculo de Lisboa. O partido dos animais perdeu cerca de 72% dos votos.

“Reduzir o número de círculos eleitorais e/ou criar um círculo de compensação mitigaria a situação. Tem faltado vontade política”, dizem os autores do site O Meu Voto, que permite confirmar se o seu voto contou ou não para eleger algum deputado.

Vale lembrar, no entanto, que ainda falta apurar os votos dos círculos de emigração, que vão eleger mais quatro deputados.

ZAP //

3 Comments

  1. E por que não um circulo nacional, complementado por círculos distritais com apenas 1 deputado que realmente representasse a região (podendo ser independente)?

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  2. E se houvesse apenas um círculo único? Se os partidos quisessem mostrar o seu “amor” pelos distritos, colocariam pessoas da sociedade civil desses distritos nas listas, em lugar elegível! Esta coisa dos círculos distritais já não faz sentido, e leva a injustiças, como as relatadas aqui!

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