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Covid-19 pode ter-se transmitido casa a casa pelas condutas de ventilação

Gerardo Pesantez / World Bank

As condutas de ventilação das casas de banho de edifícios antigos estão conectadas entre os pisos e, em casos concretos, podem ser uma via de contágio de covid-19, revela o jornal espanhol El País.

Depois de analisar o percurso que o ar faz (e o vírus que transporta) entre diferentes casas, o El País explica que as condutas de ventilação em prédios antigos podem explicar alguns dos casos de transmissão de origem desconhecida.

Foi o que aconteceu no prédio de 97 moradores em Santander, Espanha, que, em junho, teve de ser isolado depois de serem confirmados 17 casos de infeção em quatro apartamentos diferentes – todos ligados através das condutas de ventilação das casas de banho.

De acordo com a publicação espanhola, o problema coloca-se apenas nos prédios mais antigos, construídos antes da entrada em vigor (em Espanha, em 1977) da legislação que obriga a que as casas de banho de cada apartamento tenham saídas de ar independentes, que são depois canalizadas para a conduta geral dos edifícios – em vez de estarem apenas tapadas por grelhas, sem qualquer tipo de tubagens, e com ligações diretas entre casas.

Hoje em dia, em Espanha, só 37,7% dos edifícios existentes não têm este sistema de filtragem de ar ou sistemas ainda mais eficientes, assegurados por extratores elétricos, tornados obrigatórios por lei em 2006.

É nos prédios antigos, e sobretudo em casas de banho interiores, sem janelas, que o ar (contaminado ou não) continua a poder circular livremente entre apartamentos, através de simples grelhas sem filtros.

Em apenas cinco minutos o ar colocado em movimento pela abertura de uma porta ou de uma janela, pelo funcionamento do exaustor da cozinha ou pela diferença de temperatura, pode transferir-se integralmente da casa de banho de um apartamento para a do vizinho.

No entanto, manter janelas abertas, baixar a tampa da retrete e instalar válvulas para impedir a entrada de ar através das condutas pode ajudar a reduzir os riscos, sugeriram especialistas ao jornal.

Um estudo epidemiológico feito na Coreia do Sul concluiu que os oito infetados com o SARS-CoV-2 em cinco apartamentos do mesmo edifício de Seul não tiveram “outro contacto possível” entre si se não o possibilitado pela transmissão de ar entre as casas.

Já em 2003, e segundo a Organização Mundial da Saúde, o surto de SARS provocou mais de três centenas de casos e 42 mortos no Amoy Gardens, um complexo de apartamentos em Hong Kong, que também terá sido disseminado por esta via.

ZAP //

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