Um vírus pouco conhecido está a crescer em Portugal. Eis o que precisa de saber

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Os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge revelam que o número de casos do metapneumovírus humano está a subir em Portugal.

Estão a ser registados cerca de 100 casos por mês deste vírus, que atinge geralmente crianças até aos cinco anos. De acordo com os especialistas, não há razão para alarme e o aumento do número de casos deve-se principalmente ao aumento da testagem.

O metapneumovírus humano pertence à família Pneumoviridae, tal como o vírus sincicial respiratório (VSR). Com um período de incubação que vai dos três aos seis dias, pode causar doenças respiratórias superiores e inferiores, mas a maioria dos casos não é grave.

Segundo os dados consultados pela CNN Portugal, 53% dos casos detetados foram em crianças com menos de cinco anos, e desde 2019, o vírus foi mais frequente nos grupos etários extremos, ou seja, crianças e idosos. Os sintomas típicos incluem corrimento nasal, febre, tosse e sibilos.

O pediatra Manuel Ferreira de Magalhães refere que a testagem em massa é a grande responsável pelo disparo nos casos. “Ainda bem que temos uma testagem de forma mais generalizada”, afirma, frisando, no entanto, que os números podem ainda assim estar aquém da realidade porque muitas pessoas com sintomas não são testadas.

“A pandemia veio realçar a importância de um diagnóstico diferencial das infeções respiratórias e contribuiu para uma maior utilização das metodologias que permitem a realização do diagnóstico de outros vírus respiratórios”, afirmam Raquel Guiomar e Nuno Verdasca, responsáveis pelo Laboratório Nacional de Referência para o vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do INSA.

Os peritos realçam que “devido à alteração dos critérios de testagem ao longo das épocas, os dados de comparação devem ser interpretados com cautela”. “A deteção dos metapneumpvírus em casos de infeção respiratória representou entre os 2 e 6% da totalidade dos vírus respiratórios identificados”, explicam.

Um estudo do mês passado da Journal of Infection analisou o comportamento do MPVh entre 2014 e 2021 e concluiu que, para além de ter surgido uma nova variante, que reforça “a importância da vigilância virológica”, o vírus foi mais incidente em menores de dois anos antes da pandemia. Depois da covid, por sua vez, surgiram mais casos em mulheres adultas e pessoas com mais de 50 anos.

A pandemia também mudou a sazonalidade das doenças respiratórias. Um exemplo disso é o vírus sincicial respiratório, “que vem classicamente entre novembro a março, ficou alterado, não houve durante a covid e depois veio no verão”. “Também o metapneumovírus ficou alterado e mudou a sua sazonalidade”, adianta Manuel Ferreira de Magalhães.

ZAP //

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