Um vírus descoberto recentemente em porcos é capaz de se infiltrar em células humanas e de outros animais, criadas em laboratório, tornando-o uma preocupação em relação a possíveis epidemias.
Investigadores da Universidade do estado norte-americano de Ohio e da Universidade holandesa de Utrecht são os primeiros a estudar a transmissão do deltacoronavírus porcino.
O vírus foi identificado em porcos da China em 2012 mas só se associou a doença quando vários animais jovens nos Estados Unidos foram acometidos de diarreia aguda e vómitos.
A doença, que pode ser fatal, não foi comunicada em nenhum ser humano mas essa possibilidade preocupa os cientistas, refere um comunicado da Universidade de Ohio divulgado esta segunda-feira.
O novo vírus preocupa sobretudo veterinários e especialistas em saúde pública porque é semelhante a outros vírus potencialmente fatais. A propagação entre espécies depende da capacidade de o vírus se ligar a recetores nas células do animal.
“Um recetor é como uma fechadura. Se o vírus a conseguir abrir, pode entrar na célula e infetar”, afirmou o principal investigador, Scott Kenney.
Já se sabe que outros coronavírus podem usar estes recetores celulares que se encontram nos tratos digestivos e respiratórios de várias espécies animais diferentes.
Embora o único contágio só tenha acontecido em laboratório, o vírus tem a capacidade de se infiltrar em células humanas, de gatos e de galinhas. “Isso não prova que este vírus consiga infetar e provocar doenças nas outras espécies, mas isso é o que queremos saber, obviamente”, acrescentou Scott Kenney.
O próximo passo da investigação será estudar os anticorpos no sangue que possam indicar a presença de uma infeção com o vírus.
Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences of The United States of America na segunda-feira.
ZAP // Lusa