/

Um vírus comum de plantas é um aliado improvável na guerra contra o cancro

Nandalal_Sarkar / Pixabay

Um vírus que ataca a planta do feijão frade está a ser usado num tratamento oncológico em cães. Os cientistas acreditam que possa vir a ser aplicado em humanos no futuro.

Um estudo experimental conta com a ajuda de cães para explorar a eficácia de um novo tratamento para o cancro derivado de um vírus comum de plantas. Jack Hoopes, especialista em radiação veterinária, é o responsável por este inovador tratamento que já começa a mostrar resultados no melhor amigo do homem.

Recentemente, Hoopes recebeu no seu consultório vários cães com um relativamente comum cancro oral. Na maioria dos casos, o cancro é fatal. Mesmo que entre em remissão após receber radiação, há uma grande probabilidade de que ele reapareça.

No entanto, graças a este novo tratamento, depois de receberem a terapia viral, vários dos cães viram os seus tumores desaparecerem totalmente e os animais viveram até à velhice sem cancro recorrente. Hoopes acredita que o tratamento pode ser útil não só para os “patudos”, mas também para humanos.

“Se um tratamento funcionar para o cancro em cães, tem boas chances de funcionar, em algum nível, em pacientes humanos”, argumenta o especialista, citado pelo ArsTechnica.

O novo tratamento é baseado no vírus mosaico do feijão frade, um patógeno que ganhou o seu nome graças ao padrão que deixa nas folhas de plantas infetadas. Um novo estudo foi publicado em setembro na revista científica Biomaterials Science.

O sistema imunitário do paciente nem sempre reconhece uma célula cancerígena quando a vê. Elas têm propriedades que lhes permitem enganar o sistema imunitário, levando-o a pensar que está tudo bem, quando na realidade não está. É aqui que o vírus mosaico do feijão frade entra.

Para tratar os seus pacientes de quatro patas, Hoopes injeta 200 microgramas de partículas semelhantes ao vírus diretamente nos tumores. O material genético é removida do vírus para que este não se possa replicar no corpo. O sistema imunitário do cão reconhece os patógenos como inimigos e entra em modo de ataque, eliminando, assim, as células cancerígenas.

“Funcionou melhor do que a radiação por si só, o que é muito positivo para nós”, disse Hoopes. “O sistema imunitário é mais poderoso do que pensávamos”.

Outro aspeto positivo é que estes vírus que combatem o cancro são relativamente baratos de produzir porque se replicam sozinhos e não requerem intervenções externas.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.