Mais de 600 tipos de bacteriófagos foram encontrados a viver em escovas de dentes e chuveiros – e muitos deles nunca foram vistos antes. Os frigoríficos também podem ser casa para este tipo de vírus que infetam bactérias.
Centenas de vírus que infetam bactérias (bacteriófagos) – alguns, até então, desconhecidos – foram descobertos em escovas de dentes e chuveiros.
Esta conclusão surge num estudo publicado esta quarta-feira, na Frontiers in Microbiomes.
O mesmo estudo refere, no entanto, que não há motivos para alarme, uma vez que estes vírus, conhecidos como bacteriófagos, não representam uma ameaça para os humanos.
Como explicaram os investigadores do estudo à New Scientist, os bacteriófagos têm duas ações principais sobre as bactérias:
- podem sequestrar a maquinaria molecular de uma bactéria para fazer cópias de si próprio e depois matar a bactéria quando sai;
- ou então podem integrar-se no genoma bacteriano e alterar a forma como as bactérias se comportam.
A presença desses vírus em superfícies húmidas, como escovas de dentes e chuveiros, sugere que podem estar presentes em várias áreas da casa, incluindo lavatórios e também nos interiores dos frigoríficos.
Este estudo pretende, acima de tudo, abrir portas para a estratégias de combate a bactérias resistentes a medicamentos.
Como detalha a New Scientist, o estudo analisou amostras de 92 chuveiros e 36 escovas de dentes em casas de banho nos Estados Unidos, revelando a presença de mais de 600 tipos de bacteriófagos.
Muitos desses vírus nunca haviam sido catalogados antes, destacando que há uma vasta diversidade biológica ainda desconhecida.
“Isso é selvagem, e vem sublinhar a quantidade de coisas novas que existem por aí”, disse a líder da investigação, Erica Hartmann, da Universidade Northwestern (EUA), citada pela New Scientist.
À mesma revista, o especialista Jack Gilbert da Universidade da Califórnia, também nos EUA, disse que este estudo permite expandir o entendimento da microbiologia e indicar potenciais aplicações médicas: “É um recurso fascinante que nos permite compreender melhor a amplitude e os pormenores da atividade destes bacteriófagos no interior de uma casa”.
Dirk Bockmühl, da Universidade de Ciências Aplicadas de Rhine-Waal, na Alemanha, sugere, por seu turno, que os bacteriófagos artificiais podem ser uma solução para tratar infeções por bactérias resistentes aos antibióticos.
// Lusa