Vírus humanos mais antigos do mundo encontrados em ossos neandertais

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ZAP // Erich Ferdinand / Flickr

Homo neanderthalensis, o Homem de Neandertal

Três vírus com cerca de 50 mil anos encontrados em dois machos neandertais numa caverna russa apoiam a ideia de que doenças virais extinguiram os nossos “primos” — mas ainda são precisas mais provas.

Esqueletos de dois neandertais com cerca de 50 mil anos, descobertos na caverna russa de Chagyrskaya, escondiam algo surpreendente que pode vir a dizer-nos muito sobre a história das doenças humanas e da sua evolução ao longo dos milénios.

Os restos genéticos de um adenovírus, um herpesvírus e um papilomavírus (este último sexualmente transmissível) foram identificados no ADN destes esqueletos por uma equipa da Universidade Federal de São Paulo, no Brasil.

Ao ultrapassarem por quase 20 mil anos o anterior recordista, um vírus com 31 mil anos encontrado em dentes de Homo sapiens, os três restos de vírus tornam-se os vírus humanos mais antigos alguma vez descobertos.

Os vírus identificados estão intimamente relacionados com os agentes patogénicos humanos modernos, o que despertou o interesse pela possibilidade de recriar estes vírus antigos em laboratório para estudar as suas propriedades biológicas e o seu potencial papel na dinâmica histórica das populações humanas.

Ao comparar as sequências genéticas antigas com as dos vírus contemporâneos, a equipa de investigação confirmou que estes vírus não são contaminantes dos humanos modernos ou de outras fontes, mas sim vestígios genuínos dos Neandertais.

“No seu conjunto, os nossos dados indicam que estes vírus podem representar vírus que infetaram realmente os Neandertais”, afirma o líder do estudo, Marcelo Briones, ao New Scientist.

A presença de múltiplos vírus num único Neandertal é consistente com as atuais taxas de infeção viral humana, em que os indivíduos podem hospedar múltiplas espécies virais simultaneamente ao longo das suas vidas. Alguns cientistas especulam que as doenças virais poderiam ter contribuído para a extinção dos Neandertais, uma teoria apoiada pela existência destes vírus antigos — mas que ainda necessita de mais provas.

“As ferramentas atuais utilizadas para autenticar resultados de ADN antigo de seres humanos podem não se aplicar aos vírus, que, por defeito, têm cadeias de ADN mais curtas”, explica Sally Wasef da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália.

O objetivo de Briones de recriar os vírus antigos para a vida constitui um desafio. “Estou cético quanto à possibilidade de o conseguir, dada a falta de compreensão total da forma como o ADN dos vírus é danificado e de como reconstruir os pedaços recuperados num genoma viral completo. Além disso, a interação entre o vírus e o hospedeiro, especialmente num ambiente completamente diferente, é algo a considerar”, sublinha.

ZAP //

1 Comment

  1. Porque é que andam a inventar mais virus ? Deixem dessas mer…”” ! já não chegou o Covid para vos meter medo ou andam a fazer experiencias para encontrar o que mais mata ? Com o degelo nos polos a acontecer e a deixar em liberdade toneladas de testes laboratoriais que foram armazenados lá durante décadas e ainda tem que andar a mexer em esqueletos de 50000 anos para desencatar virus ?
    Trabalhem para encontrar soluçoes de matar a fome, culmutar o problema climático, etc.
    ainfa ninguém acordou que um dia destes não haverá terra para pisarem ? Os cientistas e investigadores que se deixem estar quietinhos com a sua familia em vez de andarem todos a lutar por uma medalha que nem ao peito vai quando baterem a bota. O ímpeto de conhecimento humano vai ser a sua desgtruição e parece que não aprendemos com o passado.
    Devemos aprender com o passado para melhorar e não prejudicar o futuro.

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