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Virologista belga na mira de um militar de extrema-direita

Aris Oikonomou / AFP

O virologista belga Marc Van Ranst

Vários cientistas sofreram ataques e ameaças durante a pandemia de covid-19. Mas o caso de Marc Van Ranst é mais sério do que a maioria.

Marc Van Ranst tornou-se um rosto muito familiar na Bélgica durante a pandemia de covid-19. O especialista fazia várias aparições nos meios de comunicação, defendia as vacinas contra a doença e a imposição de restrições para controlar os contágios.

Recentemente, Marc Van Ranst e a sua família foram forçados a esconderem-se de um militar armado de extrema-direita, que ameaçou de morte o virologista mais famoso do país.

De acordo com o The Independent, Jurgen Conings desapareceu do seu quartel no dia 17 de maio, supostamente armado, e deixou duas cartas de despedida, uma delas destinada ao responsável pela implementação das medidas anti-covid na Bélgica.

O militar belga e instrutor de tiro escreveu que iria resistir às medidas de confinamento impostas pelo Governo e ameaçou atacar os membros do Executivo, o Exército e os virologistas. Conings chegou a rondar a residência do virologista, mas Van Ranst e a família já estavam num lugar seguro.

“O ex-soldado, fortemente armado, ficou na minha rua durante três horas, à frente da minha casa, à espera que eu chegasse do trabalho”, contou o especialista à BBC. “A ameaça era muito real.”

Os serviços de segurança da Bélgica estão a tentar manter em segredo a localização do virologista e da sua família, ao mesmo tempo que tentam capturar Jurgen Conings. Apesar dos esforços, o soldado atraiu um número significativo de apoiantes.

No Facebook, um grupo criado em apoio a Conings, chamado As one behind Jurgen, terá atraído 50 mil membros antes de ter sido fechado. O matutino explica que alguns simpatizantes mudaram para a plataforma Telegram, onde o virologista chegou até a desafiar os apoiantes de Conings numa troca de mensagens.

“São pessoas reais, que acham que este homem é um herói e que eu mereço morrer. São indivíduos de verdade, que moram na nossa vizinhança, que apostam exatamente quando e com quantas balas ele me vai matar”, contou.

A polícia belga está a fazer uma verdadeira caça ao ex-soldado. O ministro da Justiça do país disse que o suspeito já figurava na lista das autoridades como uma potencial ameaça, nomeadamente por causa das tendências de extrema-direita.

Como as cartas de Conings sugerem que Van Ranst pode não ser o único alvo, a segurança aumentou em vários lugares desde o seu desaparecimento. Pelo menos 10 pessoas estão a receber proteção policial, incluindo funcionários de saúde pública.

Uma equipa composta por soldados, agentes policiais e cães farejadores invadiu o Parque Nacional Hoge Kempen, em Limburg, perto da fronteira com a Holanda. Lá, encontraram um carro devidamente armadilhado que terá sido abandonado por Congings.

As autoridades admitem que não sabem onde está Jurgen Conings e que não há pistas desde o dia em que desapareceu.

ZAP //

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