Teodora Cardoso, antiga Presidente do Conselho das Finanças Públicas, defende que o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) abre a “oportunidade” no país para se privilegiar “a competitividade assente na produtividade e na responsabilidade financeira”.
Em declarações ao site ECO, a economista disse esperar que no próximo haja uma “viragem” para compensar o “tempo perdido” tendo em conta as perdas durante a pandemia de covid-19.
Questionada sobre o potencial impacto do chumbo do OE na economia portuguesa, Teodora Cardoso diz que é importante separar o que considera ser essencial do acessório.
“Não podemos criticar os políticos por só olharem aos resultados imediatos das medidas que adotam e simultaneamente avaliá-los apenas com base nesses resultados“, argumenta.
Assim, a economista defende que “o que importa perspetivar para 2022 não é o facto de, nesse ano, o PIB ficar algumas décimas acima ou abaixo de 2019″.
Na sua visão, o que importa é olhar para o que fizeram os países que já atingiram ou estão perto de atingir o nível de atividade económica pré-crise pandémica. “Fizeram-no porque obedecem a princípios de governação económica que privilegiam a competitividade assente na produtividade e na responsabilidade financeira“, considera.
Com os olhos no futuro, a ex-presidente do Conselho das Finanças Públicas diz que “a oportunidade que se abre em 2022 é a de finalmente aceitarmos os princípios de governação económica, pô-los em prática e iniciarmos a viragem que leve a recuperar o tempo que andamos a perder há um quarto de século”.
Defende ainda a prioridade deve ser discutir e escrutinar sobre “o modo como aproveitarmos essa oportunidade”. Presume-se que também através da implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), acrescentou.
Até 2025, Portugal tem de executar mais de 16 mil milhões de euros de subvenções e empréstimos que chegarão da parte da Comissão Europeia.
Para rematar, Teodoro um aviso para quem aposte todas as fichas no aumento do consumo interno: “Sem esquecer que os bons resultados que os estímulos à procura interna permitem obter se esgotam tão rapidamente quanto a capacidade de financiar o défice externo, ou seja, tanto mais depressa quanto menos atendermos à competitividade da economia”.