Violência, chantagem e traição. Pais de Gio Reyna rebentam escândalo na seleção dos EUA

USMNT / Twitter

O internacional norte-americano Gio Reyna.

A seleção norte-americana de futebol está virada de pernas para o ar. Em causa está uma polémica em torno do jovem promissor Gio Reyna e o selecionador dos Estados Unidos, Gregg Berhalter.

Segundo a imprensa americana, Berhalter foi chantageado em pleno Mundial 2022 por Claudio Reyna, pai de Gio, que estava insatisfeito pela escassa utilização do filho.

O médio, que tem dupla nacionalidade portuguesa, foi suplente utilizado em apenas dois jogos, somando 52 minutos neste Mundial. Giovanni Reyna é visto como uma das maiores promessas do futebol norte-americano, atuando ao serviço do Borussia Dortmund, na Alemanha.

O facto de Berhalter não apostar em Gio não caiu particularmente bem entre a família Reyna. Os pais do jogador terão mesmo ameaçado divulgar dados referentes a um episódio de violência doméstica de Berhalter contra a atual esposa, ocorrido em 1991.

Gio vem de uma família com um grande passado futebolístico nos EUA. O seu pai, Claudio Reyna, foi um antigo internacional norte-americano, assim como a sua mãe, Danielle Egan, que representou a seleção feminina.

A alegada chantagem dos pais do jovem jogador chegou aos ouvidos da Federação. O técnico teve então de vir a público explicar a situação, antes do anúncio que não irá orientar os EUA nos dois próximos jogos.

“Durante o Mundial 2022, um indivíduo contactou a Federação e disse que tinha uma informação que iria dar cabo de mim numa aparente tentativa de se tentar aproveitar de algo muito pessoal, que aconteceu há muito tempo, para acabar a minha relação com a US Soccer”, começou por dizer o selecionador, em comunicado.

“No outono de 1991, conheci a minha alma gémea. Tinha acabado de fazer 18 anos, era um caloiro na universidade quando conheci a Rosalind. […] Namorávamos há quatro meses quando aconteceu um incidente entre nós que moldou a nossa relação. Numa noite, estávamos a beber num bar quando eu e a Rosalind discutimos. A discussão continuou no exterior, tornou-se física e eu dei-lhe um pontapé nas pernas. O que eu fiz não tem qualquer desculpa, foi um momento vergonhoso do qual me arrependerei para sempre. Pedi-lhe imediatamente desculpas, mas ela não quis mais saber de mim, como é natural. Assumi responsabilidades pelos meus atos e as nossas famílias souberam de tudo. […] A lição aprendida nessa noite há mais de três décadas tornou-se na base para uma relação de amor. Celebrámos o nosso 25.º aniversário de casamento na semana passada”, lê-se ainda na nota divulgada.

A confissão da mãe

Entretanto, a mãe de Gio Reyna confirmou que foi ela quem denunciou o caso à Federação.

“Para esclarecer eu liguei ao Earnie Stewart [membro da Federação norte-americana de futebol] no dia 11 de dezembro depois de saber das notícias sobre os comentários negativos que o Gregg fez acerca do meu filho, Gio, numa conferência”, começou por dizer Danielle Egan.

“Conheço o Earnie há muitos anos e considero-o um amigo próximo. Queria que ele soubesse que estava irritada e devastada por ver o Gio naquela posição e traída por alguém que a minha família considera amigo há décadas. Disse ao Earnie que o que estava a acontecer era injusto para o Gio e que ele já tinha pedido desculpa por ter lidado de forma imatura com a falta de tempo de jogo. Mesmo assim foi arrastado para a lama, quando o Gregg recebeu perdão por algo muito mais grave na mesma idade”, disse a ex-futebolista à Fox Sports.

“Rosalind Berthalter foi minha colega de quarto, de equipa e a minha melhor amiga. Apoiei-a durante o trauma que se seguiu. Precisei de tempo para perdoar e aceitar o Gregg e agora eles e os seus filhos fazem parte da vida da minha família. Esperava que ele tivesse tido a mesma bondade para com o Gio. É por isso que esta situação é muito dura. Lamento que esta informação se tenha tornado pública e arrependo-me do papel que tive ao reabrir feridas antigas”, acrescentou.

Apesar de tudo, Danielle garante que “nunca pediu para Gregg ser despedido” e negou “quaisquer ameaças ou tentativas de chantagem”.

No entanto, a ESPN avança que Claudio Reyna enviou “várias mensagens a dirigentes federativos a ameaçar divulgar detalhes sensíveis” sobre o selecionador.

Críticas de Reyna ao “bufo”

Depois da eliminação dos EUA nos oitavos de final do Campeonato do Mundo, Gregg Berhalter veio a público contar que havia um jogador que não estava a ter um comportamento correto e que por isso esteve perto de voltar para casa.

“No Mundial, tivemos um jogador que não estava a cumprir as expectativas dentro e fora do campo. Estávamos prontos para reservar um bilhete para voltar para casa, de tão grave que estava”, disse o técnico.

“Tivemos uma última conversa com ele e dissemos-lhe como tinha de se comportar daqui para a frente. Não podia haver mais infrações. É difícil mandar um jogador para casa. Seria uma enorme controvérsia. Teríamos de ler coisas sobre isso durante cinco dias seguidos”, acrescentou.

Embora o selecionador não tivesse revelado a identidade do atleta, a imprensa norte-americana rapidamente confirmou que era Gio Reyna.

Em reação às declarações de Berhalter, o jogador do Dortmund recorreu às redes sociais para deixar críticas ao “bufo” do balneário.

“Ainda antes do Campeonato do Mundo, o treinador Berhalter disse-me que o meu papel no torneio seria muito limitado. Fiquei devastado. Sou alguém que joga com orgulho e paixão. O futebol é a minha vida e eu acredito nas minhas capacidades. Esperava e queria desesperadamente contribuir e ajudar um grupo talentoso à medida em que tentávamos marcar uma posição neste Mundial”, justificou o médio.

“Sou uma pessoa muito emotiva e reconheço plenamente que deixei as minhas emoções tomarem conta de mim e afetarem o meu treino e comportamento durante alguns dias depois de saber que teria um papel limitado na equipa”, lamentou ainda o jogador.

Ainda segundo a imprensa americana, Brehalter terá mesmo pedido aos seus jogadores que votassem na continuidade ou na saída do jovem de 20 anos. O resultado foi tangencial: 13-12, a favor da sua continuidade.

Daniel Costa, ZAP //

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