No aniversário dos 50 anos do golpe militar no Chile, a comercialização de garrafas de vinho que homenageiam o general Augusto Pinochet e a ditadura causou indignação e lançou a polémica no país.
Cinco décadas após o golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder no Chile, foram colocadas à venda no país garrafas de vinho que homenageiam o antigo ditador.
O caso despertou a indignação de políticos chilenos e organizações de direitos humanos do país.
A comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados enviou uma carta à ministra da Defesa, Maya Fernández, neta do ex-presidente Salvador Allende, pedindo-lhe que tome medidas perante “este ato inadmissível”, que “compactua com o golpe militar” e que mostra, de forma abusiva, os símbolos da ditadura.
Segundo a agência de notícias italiana ANSA, estão em causa as bebidas Carmenere Gran Riserva, vendidas nas redes sociais em embalagens de seis unidades com um preço aproximado de 50 euros.
Um dos idealizadores do projeto, o advogado José Luis Leon, tentou minimizar a situação. Em declarações ao jornal chileno 24 Horas, explica que esta foi apenas “uma iniciativa entre um grupo de amigos que saiu do controlo”.
Os rótulos incluem, entre outras, imagens dos quatro membros da Junta Militar e as frases “Libertação Nacional” e “1973-2023”, bem como frases de Pinochet.
A iniciativa não é inédita no país. Por ocasião da prisão de Pinochet em Londres, em 1998, o empresário Eduardo Arevalo comercializava vinhos que faziam apologia da figura do ditador, sob o nome de “Don Augusto“.
Mais tarde, o empresário foi processado pelo filho mais velho do ex-ditador, Augusto Pinochet Hirst, por tentar patentear a marca “Augusto Pinochet” para exportação de vinhos para os Estados Unidos.
A ditadura de Pinochet, iniciada com um violento golpe de estado em 1973, prolongou-se até à década de 1990.
Estima-se que durante este período, segundo os números oficiais, cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes da polícia, dos quais 1.192 são ainda considerado detidos desaparecidos.