Houve um intervalo de 12 anos entre o anúncio do primeiro e segundo pacientes supostamente curados das suas infeções pelo VIH. Mas, agora, outra equipa está a dizer que eliminou a infeção num terceiro paciente.
Na terça-feira, foi anunciado que um doente anónimo afetado com o vírus da imunodeficiência humana (VIH), referido pelo nome de ”paciente de Londres”, foi curado.
É a segunda pessoa em 12 anos a ver-se livre do vírus através de tratamentos médicos, depois de uma investigação que falhou várias vezes. Agora, apesar de os investigadores dizerem que é muito cedo para dizer que ”é uma cura”, muitos especialistas consideram que este é o caminho.
Contudo, agora, uma equipa de investigadores da Holanda anunciou a existência do “paciente de Düsseldorf” na Conferência sobre Retrovírus e Infeções Oportunistas em Seattle, na terça-feira.
Este paciente foi submetido ao mesmo tipo de transplante de medula óssea que os outros dois pacientes livres de VIH. Agora, três meses depois que parou de tomar medicamentos antivirais, biopsias do intestino e dos gânglios linfáticos do paciente não mostraram nenhum VIH infeccioso, disse Annemarie Wensing, do University Medical Center Utrecht.
Ainda é muito cedo para saber ao certo se este terceiro paciente realmente foi “curado” do VIH – ou se alguém foi curado de todo. Doze anos após o anúncio do primeiro paciente sem VIH, ainda é impossível saber com certeza que o vírus não está num estado indetetável.
O norte-americano Timothy Ray Brown foi a primeira pessoa a ser tratada, mas recebeu um tratamento mais agressivo: fez dois transplantes e uma radioterapia.
Já o segundo paciente, o ”London pacient”, em 2016, concordou em ser submetido a um transplante de células estaminais para tratar um Linfoma de Hodgkin. Os médicos assistentes conseguiram encontrar um doador com a mutação genética que confere resistência natural ao VIH.
No entanto, dois outros pacientes com VIH que ainda tomam medicamentos antivirais passaram pelo mesmo procedimento de transplante de medula óssea que os pacientes livres de VIH, disse Javier Martinez-Picado, do Instituto IrsiCaixa de Pesquisa em Aids de Barcelona.
Se estes pacientes responderem da mesma maneira que os outros três pacientes – com o VIH aparentemente completamente erradicado – quando pararem de tomar os medicamentos antivirais, o número crescente de histórias de sucesso pode tornar mais fácil dizer com confiança que os médicos realmente encontraram uma cura para o VIH.
É improvável que o transplante de medula óssea – arriscado e com efeitos severos que podem durar anos – seja uma opção de tratamento realista num futuro próximo, em que vão estar disponíveis medicamentos poderosos para controlar o VIH.
ZAP // New Scientist