Viaturas de autarquias com inspeção garantida em rede de corrupção

PSP

Uma investigação da PSP levou à detenção de 35 pessoas, incluindo um polícia, dois administradores de CITV, 31 inspetores e um funcionário do IMT.

Uma investigação da PSP a centros de inspeção técnica de veículos (CITV), que teve início em 2017, levou, ontem, à detenção de 35 pessoas.

Funcionários de entidades públicas, incluindo autarquias, encaminhavam viaturas oficiais para os centros geridos pela rede, com aprovação garantida.

A investigação visou a certificação de veículos sem serem submetidos à inspeção ou com deficiências que obrigariam a reprovação, segundo o Jornal de Notícias.

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) analisou contactos feitos “sobretudo pelos administradores das aludidas empresas, com funcionários de entidades públicas, designadamente, autarquias, em ordem a que os respetivos veículos fossem submetidos a inspeções nos centros de inspeção por si geridos”.

“Os mesmos administradores, que constituíram, no seu conjunto, o segundo maior grupo do país de entidades gestoras de CITV, terão mantido também contactos regulares com funcionários do IMT”, aos quais “seriam prometidas e, por vezes, entregues vantagens patrimoniais e não patrimoniais“, para que as empresas fossem favorecidas, acrescenta o DCIAP.

Isto resultava na “aprovação de veículos sem a anotação das deficiências que tinham ou sem a adoção dos procedimentos de inspeção legalmente obrigatórios, tendo em vista atrair clientes e, em consequência, aumentar o número de inspeções e as correspondentes receitas”, sublinha o departamento.

A PSP alega terem sido recolhidos indícios de um “esquema fraudulento” para aprovação de veículos com deficiências, sem respeitar os “procedimentos de inspeção legalmente obrigatórios”.

A Associação Nacional dos Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA) repudia “estas práticas”. “Há muito que reclamamos por mais fiscalização e regulamentação”, sublinha Paulo Areal, presidente da associação.

“Há 240 centros e julgamos que 200 bastavam. A nossa atividade não deve pautar-se pela concorrência, mas pela defesa da segurança dos veículos e o respeito pelo ambiente. Houve novos operadores a entrar no mercado, sem reforço da fiscalização e da regulamentação. Aplaudimos e colaboramos com estas operações”, critica ainda.

Ocorrem 6 milhões de inspeções e reinspeções nos 240 centros centros de inspeção técnica, por ano. As reprovações chegam a 500 mil, provando “a importância do setor na redução da sinistralidade rodoviária”, conclui Paulo Areal, da ANCIA.

ZAP //

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