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Papa autoriza padres a absolverem quem abortou

O Papa Francisco autorizou, esta segunda-feira, todos os sacerdotes a manterem definitivamente a capacidade de absolverem as mulheres que fizeram um aborto, disposição que devia vigorar apenas durante o ano jubilar da misericórdia, que terminou no domingo.

“Para que nenhum obstáculo se interponha entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a todos os padres, a partir de agora, a faculdade de absolver o pecado do aborto“, escreveu o Papa na carta apostólica “Misericordia et Misera”.

A Igreja católica considera o aborto um pecado grave que pode levar à excomunhão e até agora, um sacerdote só podia absolver depois de ter autorização de um bispo ou mesmo do Papa.

O Papa Francisco acrescentou que “não existe pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e apagar quando encontra um coração arrependido”, apesar de reiterar que o “aborto é um pecado grave, uma vez que é a morte de uma vida inocente“.

Neste carta, que convida à renovação do tempo de perdão, reconciliação e caridade para os mais necessitados, Francisco estendeu outras disposições, autorizadas apenas por ocasião do Jubileu da Misericórdia, como a concessão de absolvição dos pecados aos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, os chamados lefebvrianos.

O Papa justificou esta decisão “pelo bem pastoral dos fiéis”, que queiram confessar-se nas igrejas oficiais pelos sacerdotes da Fraternidade.

Os seguidores de Marcel Lefebvre não reconhecem o Concílio Vaticano II e, por isso, estão fora da Igreja desde 1988.

Francisco lembrou também aos sacerdotes as diferentes situações familiares na atualidade, sublinhando que tenham “um discernimento espiritual atento, profundo e prudente para que cada um, sem excluir ninguém, sem importar a situação em que viva, possa sentir-se acolhido por Deus e participar ativamente na vida da comunidade”.

“Via verde” do Papa faz disparar anulação de casamentos católicos

Este ano, os pedidos de anulação do casamento católico aumentaram 50% relativamente a 2015, depois de o Papa Francisco ter criado novas medidas para que o procedimento se torne mais acessível e gratuito.

Em setembro do ano passado, o Papa aboliu a necessidade de serem apresentadas duas sentenças de duas instâncias eclesiásticas para decretar a nulidade do casamento católico – algo que era exigido anteriormente e demorava cerca de dois anos.

O procedimento também passou a ser gratuito, com a ajuda das conferências episcopais.

Como consequência desta “via verde” para acelerar o processo, o número de anulação de casamentos disparou em Portugal, destaca o Público.

Segundo dados recolhidos pelo jornal junto de 11 dos 14 tribunais eclesiásticos existentes no nosso país, entraram este ano 196 pedidos de declaração de nulidade, o que traduz um aumento de 50% relativamente aos 129 pedidos do ano passado.

“Só nos últimos três meses, entraram seis processos. É um aumento em duplicado ou em triplicado do que se passava nos outros anos, em que a média era de dois ou três processos por ano”, adiantou ao Público José Gomes de Sousa, vigário-judicial do Tribunal Eclesiástico de Viana do Castelo.

Para responder ao aumento da procura, este tribunal teve de recrutar mais três juízes diocesanos para ajuizar sobre a anulação de um casamento católico.

“A iniciativa do Papa teve o mérito de ajudar a encarar estas declarações de nulidade matrimonial como parte da pastoral. Antes, dava a impressão que era quase como um tabu, algo de que se falava em surdina, baixinho”, afirmou o padre Fernando Clemente Varela, vigário judicial do Tribunal Eclesiástico de Leiria-Fátima.

“Ao falar abertamente sobre este assunto, o Papa reconheceu que havia um problema, um estigma, e que as pessoas que sofriam por causa disso mereciam ser ajudadas”, destacou.

De acordo com Clemente Varela, o objetivo do Papa foi “simplificar um processo que podia demorar vários anos e custar milhares de euros“.

As medidas elaboradas pelo Papa Francisco fazem parte da lei canónica católica desde 8 de dezembro do ano passado.

ZAP / Lusa

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