Versos do maior poeta da Pax Romana encontrados numa ânfora em Espanha

Wikimedia Commons

Busto de Publius Vergilius Maro

“O teu presente recém-descoberto”. Assim termina um dos versos do poeta Virgílio, gravados numa ânfora romana com 1800 anos, encontrada na província de Bética, em Espanha.

Gravado numa ânfora romana, dois versos do poeta romano clássico, Virgílio foram decifrados por uma equipa de arqueologistas, em Espanha.

No vaso de cerâmica, com 1800 anos, pode-se ler parte — após a sobreposição de algumas secções já apagadas — os sétimo e oitavo versos do primeiro livro das Geórgicas, um conjunto de quatro obras de Virgílio.

Traduzindo para português a passagem encontrada, escrita pelo poeta romano em 29 a.C., lê-se: “[A Terra] mudou um dia a / bolota para a espiga de trigo gorda /E misturou com a uva [o teu presente recém-descoberto].

O poema, dedicado à agricultura e à vida no campo, está incluído no primeiro de quatro livros das Geórgicas, que abre com uma dedicatória a Mecenas e encerra com uma descrição das aberrações que ocorreram na Natureza devido à morte de César.

Virgílio, considerado o maior poeta do período de grande prosperidade do Império Romano — Pax Romananasceu 70 anos antes de Cristo. Os seus poemas faziam parte dos programas escolares e os seus versos de exercícios pedagógicos durante várias gerações.

Os versos, segundo o estudo publicado no Jornal de Arqueologia Romana, estariam escritos por baixo da ânfora, e não foram lá escritos para serem apreciados. Acredita-se que terá sido uma criança ou até um trabalhador mais culto que os habituais oleiros a gravar o poema no objeto. O autor poderia, eventualmente, estar a ensinar uma criança a ler ou a praticar um exercício de memória.

Responsável pela revelação, a equipa OLEASTRO — uma colaboração entre as Universidades de Córdoba, Sevilha e Montpellier — não considera, segundo a Arkeonews, impressionante a presença de um vaso de cerâmica como uma ânfora na área do Rio Guadalquivir, uma vez que era um dos centros da produção da azeitona e de trocas comerciais no Império Romano. As ânforas seriam usadas para preservar o azeite produzido na região.

Apesar de estarem frequentemente marcados com informações sobre a produção e quantidades, esta é a primeira vez que um verso de um poema surge num recipiente comercial — uma ânfora de óleo da província de Bética, uma das três províncias romanas na Hispânia.

Tomás Guimarães, ZAP //

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