A nossa mente consegue imaginar caras nas coisas mais simples do dia-a-dia, como nuvens ou tomadas elétricas. Este fenómeno chama-se pareidolia facial e, agora, um novo estudo mostra o que se passa no nosso cérebro quando isto acontece.
Uma equipa de cientistas queria perceber se o nosso cérebro processa estes rostos imaginários da mesma forma que os rostos humanos. Para isso, conta o site Science Alert, pediu a 17 voluntários para olharem para dezenas de caras imaginárias e humanas, várias vezes, e para depois avaliarem a intensidade da emoção de cada uma.
Os investigadores descobriram que os participantes concordaram sobretudo com as expressões que os rostos da pareidolia estavam a mostrar e que o preconceito surgiu com base na expressão da cara anterior (algo que fazemos com rostos humanos também). Isto também acontecia quando rostos reais e imaginários se misturavam.
Por outras palavras, explica o mesmo site, uma sucessão de rostos felizes torna-nos mais inclinados para ver o rosto seguinte como também estando feliz. O facto de essa tendência ter sido observada tanto em faces reais como imaginárias sugere que o cérebro as processa de forma semelhante e usa as mesmas redes neurais.
“Os rostos provocados pela pareidolia não são descartados como falsas deteções, passando por uma análise de expressão facial semelhante à dos rostos reais”, afirmou David Alais, psicólogo da Universidade de Sydney e um dos autores do estudo publicado, a 7 de julho, na revista científica Proceedings of the Royal Society B.
Os investigadores apontam para a importância das expressões faciais enquanto comunicação social como a razão pela qual os nossos cérebros estão constantemente a reconhecer rostos e a avaliar as suas expressões.
Ou seja, ajuda-nos a determinar em que tipo de situação estamos e o que fazer a seguir, motivo pelo qual o cérebro humano aprendeu a fazê-lo tão rapidamente (e com tão poucas informações).
“Quando os objetos nos lembram uma cara, é mais do que uma interpretação: eles estão realmente a conduzir a rede de deteção de rostos do cérebro. É o sistema de expressão facial do cérebro em funcionamento. Para o cérebro, falso ou verdadeiro, os rostos são todos processados da mesma forma”, conclui Alais.