Venezuela acusa Trump de ameaçar a estabilidade da América Latina

Agencia de Noticias ANDES

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

O governo da Venezuela acusou o Presidente norte-americano de querer prejudicar a estabilidade da América Latina com a sua “ameaça imprudente” ao admitir uma possível “opção militar” naquele país.

“A ameaça imprudente do Presidente Donald Trump visa encaminhar a América Latina e as Caraíbas num conflito que iria perturbar, de forma permanente, a estabilidade, a paz e a segurança na nossa região”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza, ao ler um comunicado em nome do chefe de Estado, Nicolás Maduro.

O mesmo texto rejeitou “na forma mais categórica e firme as declarações inamistosas e hostis” do líder dos Estados Unidos.

Na sexta-feira, Trump admitiu uma “possível opção militar” na Venezuela, país que atravessa uma grave crise política.

“Temos várias opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar, se necessário”, afirmou na altura o chefe de Estado norte-americano, sem precisar mais detalhes. “A Venezuela não é longe e há pessoas que sofrem e pessoas que morrem”, acrescentou.

Durante a declaração de hoje, transmitida pela televisão estatal, o chefe da diplomacia venezuelana, Jorge Arreaza, apelou “aos membros da comunidade internacional (…) para expressarem uma condenação clara e inequívoca” contra as declarações de Trump que qualificou como “uma ofensa perigosa à paz e à estabilidade do continente”.

O Mercosul também já criticou a sugestão do Presidente dos Estados Unidos. O bloco económico sul-americano composto pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai referiu, em comunicado, que “os únicos meios aceitáveis para a promoção da democracia são o diálogo e a diplomacia“.

E acrescentou: “O repúdio à violência e a qualquer opção que envolva o uso da força é inalienável e constitui a base fundamental do convívio democrático, tanto no plano interno como no plano das relações internacionais”.

Na nota informativa de hoje, o bloco económico sul-americano, que decidiu no início de agosto suspender politicamente a Venezuela daquela organização, criticou ainda a atuação do governo de Nicolás Maduro e da recente instalada Assembleia Constituinte.

“As medidas anunciadas pelo governo e pela Assembleia Nacional Constituinte nos últimos dias reduzem ainda mais o espaço para o debate político e para a negociação”, concluiu.

No passado dia 5 de agosto, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai decidiram suspender politicamente a Venezuela do Mercosul “por rutura da ordem democrática”.

“A suspensão é aplicada devido aos atos do governo de Nicolás Maduro, e constitui um apelo a um início imediato de um processo de transição política e de restauração da ordem democrática”, explicaram então num comunicado os países fundadores do Mercosul, após uma reunião em São Paulo, Brasil.

A Venezuela já tinha sido colocada à margem do mercado comum sul-americano desde dezembro, por motivos comerciais.

A Venezuela vive a sua pior crise política desde há décadas, com manifestações das quais resultaram 125 mortos e milhares de feridos em quatro meses, mas o Presidente Maduro, cuja saída é exigida pelos manifestantes, tem permanecido surdo face às pressões internacionais.

A instalação da recente Assembleia Constituinte, descrita pela oposição como uma tentativa de instaurar uma “ditadura comunista” na Venezuela, aumentou a tensão nas relações Caracas/Washington. Os dois países deixaram de estar representados ao nível de embaixadores desde 2010.

ZAP // Lusa

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