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Não, a venda de música não aumentou em Portugal

Subida de 17,4% no valor global apresentado pela Audiogest. Mas comprar um álbum é diferente de pagar por streaming.

Nesta terça-feira, Dia Mundial do Livro, multiplicaram-se os artigos sobre… música.

A base das diversas notícias são os números de mercado publicados pela Audiogest – Associação de Gestão de Direitos de Produtores Fonográficos.

Falou-se sobre uma subida nas vendas de música em Portugal. De facto, o relatório anual do mercado discográfico mostra que, em 2023, houve um aumento de 17,4% nas “vendas físicas e digitais”. Passou de 31.1 milhões de euros em 2022 para 36.5 milhões no ano passado.

O documento refere que 2023 foi um ano com “resultados expressivos para a indústria musical”.

Mas, ao falar sobre aumento de vendas, é preciso olhar para as outras parcelas.

Duas delas registaram subida: no mobile as vendas subiram 8,5%. De 171 mil euros para 185 mil.

Mas o que se destaca nestes números são os serviços de streaming: subiram 25,3%, passando de 21.6 milhões de euros para 27.1 milhões de euros.

O streaming passa a representar 73% do total das “vendas” de música em Portugal.

Mas, se pensarmos bem, streaming não é comprar um álbum. Um vinil, um CD, ou mesmo um álbum/música através da internet.

Pagar uma subscrição mensal ou anual de streaming é pagar para ouvir música. É pagar por um serviço. É diferente de comprar música.

As comprasreaisaté desceram. As compras digitais, os downloads pela internet, baixaram 1,2% (de 390 mil euros para 385 mil); apesar da já mencionada subida no “mobile”, que tem um impacto menor.

As compras físicas, que continuam a representar a grande “fatia” das compras, baixaram ligeiramente (0,9%). Em 2022 gerou um volume de vendas de 8.9 milhões de euros, no ano passado desceu para 8.8 milhões.

E o vinil está mesmo de volta. Neste contexto de vendas físicas, os discos de vinil representaram 70% das vendas físicas no ano passado: 6 milhões de euros.

Num país em que o consumo de música portuguesa “está muito aquém da generalidade dos países”, salienta a Audiogest, a música mais ouvida foi Tá OK, de DENNIS com Kevin O Chris. Mas logo a seguir aparece a portuguesa Bárbara Bandeira (com Ivandro) e a faixa Como tu.

O álbum mais vendido também foi de artista estrangeiro: o re-lançamento de 1989, de Taylor Swift – que é a autora de três dos quatro álbuns mais vendidos. Segundo lugar? The Dark Side Of The Moon, dos Pink Floyd; uma edição comemorativa dos 50 anos do trabalho histórico. No top-10 dos álbuns só há um representante português: Casa Guilhermina, de Ana Moura.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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