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Vem aí o primeiro medicamento 100% português produzido à base de canábis

FAI Therapeutics

Produção de produtos à base de canábis na empresa portuguesa FAI Therapeutics, do grupo Iberfar

Solução oral de CBD é a primeira especialmente formulada para fins medicinais de uma empresa 100% portuguesa, “da semente até ao doente”, e vai amenizar a dor crónica associada a um grande leque de condições.

Já tem “luz verde” do Infarmed a empresa 100% portuguesa FAI Therapeutics, do grupo Iberfar, para lançar ao mercado um fármaco à base da planta de canábis para fins medicinais.

Trata-se de uma solução oral de CBD (Canabidiol), a substância presente na planta de canábis que não tem efeitos na consciência e atividade mental e tem vindo a ser usada para inúmeros fins medicinais.

No caso do novo produto português, é indicado para dor crónica associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso; espasticidade associada à esclerose múltipla ou a lesões da espinal medula; náuseas e vómitos resultantes da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV e medicação para a hepatite C; estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com SIDA e síndrome Gilles de la Tourette.

O objetivo da empresa centenária, que já conta com um total de oito produtos à base da planta, será lançar no mercado outros produtos, neste caso à base de THC — a principal substância psicoactiva encontrada na planta Cannabis — oferecendo um tratamento combinado dos dois compostos “para uma maior flexibilidade de utilização pelos médicos subscritores no quadro da legislação vigente”, lê-se em comunicado da empresa.

O novo produto fica, no entanto, “sujeito a receita médica especial que limita o uso aos casos em que os tratamentos convencionais não produzem os efeitos esperados ou provocam efeitos adversos relevantes”, lembra o comunicado.

100% português, “da semente até ao doente”

O novo produto, que é “a primeira preparação especialmente formulada para fins medicinais de uma empresa 100% portuguesa“, é feito pela FAI Theurapeutics “da semente até ao doente, em condições de total segurança terapêutica e ambiental”, resultado da aliança entre três empresas do grupo Iberfar: a Agrovete trata da produção agrícola, a Iberfar da produção industrial e a Ferraz Lynce da comercialização e exportação.

“Sabemos que temos condições para entrar em força neste mercado, desde a fase da cultura biológica até à formulação e distribuição final, cobrindo toda a cadeia de valor e obtendo assim um produto com grande qualidade e consistência”, confessa Joana Ferraz da Costa, CEO da FAI Therapeutics e administradora do grupo Iberfar.

Porta para o mercado europeu

Após a introdução inicial no mercado português, o objetivo é “espalhar” o produto para o mercado europeu, que tem vindo a abraçar o uso da canábis para fins medicinais. Em Portugal, a utilização da canábis para fins medicinais é permitida desde 2019.

Outros países no espaço europeu onde o uso da planta para fins medicinais é legal são Albânia, Áustria (apenas Dronabinol, Sativex, Nabilone), Bélgica (Sativex), Croácia, Chipre, República Checa (com prescrição), Dinamarca (ainda em programa-piloto), Estónia (com licença especial), Finlândia (sob licença), Geórgia, Alemanha, Grécia, Irlanda (em programa-piloto), Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Macedónia do Norte, Noruega, Polónia, São Marino, Eslováquia (apenas CBD), Eslovénia (Sativex, Marinol, CBD), Espanha, Suécia (com licença), Suíça, Ucrânia e Reino Unido (com prescrição).

O uso recreativo é descriminalizado em Portugal (até 25 gramas de marijuana ou 5 gramas de haxixe), Áustria, Bélgica (até 3 gramas ou cultivo de uma planta), Croácia, República Checa (até 10 gramas ou cultivo de cinco plantas), Estónia, Finlândia (embora seja ilegal), França (onde é ilegal, embora multas instantâneas sejam passadas em vez de uma acusação), Geórgia (embora a venda seja ilegal), Itália, Luxemburgo (até quatro plantas), Malta, Moldávia, Países Baixos (até 5 gramas e 5 plantas, e consumo nas coffeeshops), Eslovénia, Espanha e Suíça.

A adição mais recente à lista é a Alemanha, que a partir de dia 1 de abril passará a permitir que adultos com 18 anos ou mais anos possam ter 25 gramas na sua posse, 50 gramas em casa e o cultivo de três plantas. A partir de 1 de julho de 2024, os adultos poderão ter acesso à planta através de clubes destinados ao efeito, sem fins lucrativos.

“A maior dimensão da produção, que se pretende atingir, viabilizará um aumento considerável da área cultivada e o recurso à contratação da produção agrícola a outros agricultores”, admite ainda Pedro Ferraz da Costa, do grupo Iberfar.

Tomás Guimarães, ZAP //

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