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Vem aí “debandada” nos hospitais. Demissões em massa já em janeiro

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António Pedro Santos / Lusa

Vários médicos estão a ameaçar com despedimentos em massa já em janeiro do próximo ano e alguns já terão mesmo entregue a carta de demissão. Regime de dedicação plena é o culpado. Vem aí “degradação gravíssima” do SNS.

São os diretores de serviço de várias especialidades que prometem abandonar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), motivados pelo regime de dedicação plena, que vai entrar em vigor e prevê a obrigatoriedade dos médicos permanecerem contactáveis e de se apresentarem fora do horário para responder a emergências médicas.

A “debandada de diretores de serviço” vai mesmo acontecer e sentir-se de norte a sul, garante a porta-voz do movimento Médicos em Luta Susana Costa, que alerta para uma “degradação gravíssima do Serviço Nacional de Saúde.”

“A grande maioria não aceita [a dedicação plena]. Vamos ter serviços sem diretores, departamentos sem diretores. Vamos ter uma degradação gravíssima do Serviço Nacional de Saúde”, avisa a porta-voz à CNN.

“Há muitos diretores de serviço que têm a sua carta de demissão preparada”, e “a grande maioria deles vai fazê-lo”. São esperadas demissões em todas as especialidades, “de ortopedia à urologia, cirurgia plástica, cirurgia vascular, medicina interna”. Muitas das cartas de demissão, alerta, serão entregues já no dia 31 de dezembro.

Os médicos preparam-se, assim, para “sabotar” a expectativa do Ministério de Saúde, que esperava conseguir colocar sete mil médicos neste regime.

Aqueles que aderirem ao regime de dedicação plena, previsto no Estatuto do SNS, terão de se comprometer com metas assistenciais e ficam impedidos de exercer funções de direção técnica, coordenação e chefia em instituições privadas.

No entanto, há um grupo de profissionais que não têm opção de escolha e estão dependentes do novo regime, como é o caso dos chefes de direção de serviço ou de departamento, os médicos de Saúde Pública e os médicos que estejam em Unidades de Saúde Familiar (USF) e nos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI).

O regime, aprovado no final deste ano pelo Governo, tem sido alvo de duras críticas por parte dos profissionais de saúde. Prevê nove horas diárias de trabalho e aumento para 250 as horas extraordinárias anuais — mais 100 horas do que as em vigor atualmente.

Os sindicatos dizem ser “inconstitucional”. A FNAM defende que a dedicação seja exclusiva, mas opcional, “para ninguém ser obrigado a nenhum regime”.

“A grande maioria dos serviços obrigados à dedicação plena vão ficar sem diretores de serviço”, diz a médica Susana Costa, revelando que este cenário “vai criar uma desorganização e um quadro muito complexo” dentro dos hospitais, podendo ficar comprometidas consultas e cirurgias, assim como o próprio funcionamento dos departamentos de cada especialidade.

ZAP //

12 Comments

  1. Eu não entendo, os médicos fazem a Licenciatura e a Especialidade em medicina financiados com os nossos impostos e depois fogem para o Privado ou emigram para o estrangeiro sem reembolsar o Estado do financiamento que receberam? Isto é um roubo!

  2. A ordem dos médicos acusa que não há médicos disponíveis. Eu acredito! Mas acusar?! Quem é o principal responsável por não haver médicos? Não é a própria ordem? Quem, numa atitude corporativista impõe o número máximo de alunos na entrada nos cursos de medicina? Notas de entrada na universidade acima de dezanove valores, há décadas. Quem é o responsável?

  3. Não é roubo nenhum…
    A maioria dos licenciados tiram a licenciatura, fazem o mestrado e muitas vezes doutoramentos em instituições publicas e quando saem vão para o privado ou para o estrangeiro…
    os médicos fazem-se isso não é novidade!!!
    ou agora tudo o que estuda no publico tem que obrigatóriamente depois trabalhar para o estado??? quando me formei se assim fosse tinha sido uma maravilha mas não foi… tive que amargurar a procurar emprego e a fazer outros trabalhos que nada tiveram a ver com a minha formação…

  4. o licenciar no publico não é razão para ficar em divida para com ninguem. E os que estudam da primeira classe ao 12 ano no publico tambem estão em divida??
    Fazem bem tomar a sua posição e defende-la.
    Os eleitores só têm de perceber quem é o verdadeiro responsavel e nas eleiçoes darem o voto a quem acham melhor! Por mim ter a saude num caos, as escolas em greves permanentes, ferrovia que é uma vergonha TAP mal resolvida e um poço sem fundo de dinheiro e um candidato que não soube gerir um ministerio e o deixou de pantanas ao ponto de se ter de demitir e agora aparece a dizer “vou fazer”, não é dificil decidir!

  5. Votem nos mesmos, votem, porque vamos ter um país organizado e de nível europeu que todos ambicionamos. O melhor é começarmos a pensar em emigrar para o Brasil, esse maravilhoso país que tem espaço para todos. Lá, poderemos todos dedicarmo-nos á agricultura e roubarmos mais uns quilitos de ouro para dividirmos com os nossos “irmãos” brasileiros que entretanto ficarão aqui a cuidar de Portugal até ao nosso regresso. Que futuro risonho nos espera….

  6. Vamos lá fazer uma experiência social para ver como é que os médicos e os utentes reagem quando picamos os médicos.

    Os médicos têm direito à vida, tal como os outros trabalhadores. Ou não? Se há um horário de 35h semanais para a função pública toda e 40h para o restantes que “sustentam” a função pública, porque é que há uma profissão que seja obrigada a trabalhar 41 ou 42 ou 45h semanais ou mais? Por serem marginalizados da sociedade? Não creio.

    Eu compreendo o argumento do estudo dos médicos foi pago pelos impostos, .. e devia-se fazer qualquer coisa nesse sentido, mas AINDA não foi feito, mas picar os médicos à cabeça de tudo?

    Experiências sociais à bruta dão resultados à bruta.

    Enquanto a esperança média de vida subir, estará tudo bem, porque “mal não fez”. Pode-se degradar tudo um bocadinho desde que a esperança média de vida vá subindo, ou que pelo menos não caia. Se cair, há ainda a vantagem de se pagar menos em aposentações.

    Enfim, algo para o próximo governo resolver, presente do actual.

    Um bom dia para todos.

  7. O regime prevê NOVE horas diárias de trabalho e 250 horas extraordinárias anuais. Como é possível tal coisa? O ministro, que diz ser médico, decerto nunca exerceu medicina, ou se a exerceu foi a brincar e não sabe do que fala. Mas é natural, basta ter-se tornado num governante. E como para quem governa as realidades do quotidiano do povo trabalhador são “coisa de passar tempo”, trabalhar pouco ou muito ou demais não lhes diz nada; é indiferente. Ignorantes!!!
    Os médicos fazem parte de uma classe profissional que deve ter horários compatíveis com a sua responsabilidade. Tratar de doentes e/ou salvar vidas requer disponibilidade física, mental e emocional. Quem se sentirá bem a ser visto por um desses profissionais ao fim de seis horas de trabalho? E de OITO OU NOVE? O ministro? os outros governantes?
    Como utente do S. N. S. exijo que respeitem aqueles que zelam pela minha saúde, que me têm já safado de problemas sérios. Exijo que sejam compensados com salários justos e satisfatórias condições de trabalho. Se assim for, não os veremos a sair para o sector privado nem a emigrar.
    O povo português tem direito a poder continuar a contar com eles.

  8. A julgar pelas sondagens o povo que vai votar de novo PS e PSD, CDU, BE, PAN e LIvre, precisam é de veterináriuos… por isso vao sobrar vagas para os fascistas restantes…

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