Prioridade da Organização Mundial da Saúde é conter o surto que já afectou, pelo menos, 16 mil pessoas. Mas não há comparação com a COVID-19.
A varíola dos macacos ainda não reúne condições para ser pandemia, há a noção de que o surto pode ser contido. Mas já é uma emergência global de saúde pública.
A definição foi anunciada pela Organização Mundial da Saúde, que assim apela a todos os seus países-membro mais atenção a esta doença.
Foi uma decisão não consensual na entidade, mas que se centra na concertação internacional na resposta, com mais dinheiro para investigação, diagnóstico, tratamentos e vacinas – para já o que existe é a vacina da varíola humana, doença que está erradicada há mais de 40 anos.
Mas a nova vacina chegará, em princípio para pessoas que tiveram contacto com pessoas infectadas, nos quatro primeiros dias após a infecção, e sem sintomas.
“Na prática, esta definição não muda muita coisa. É mais relacionada com o compromisso entre os países”, resumiu Vera Novais, especialista em Ciência, na rádio Observador.
Numa altura em que os especialistas andam à procura de respostas, de soluções (tal como aconteceu recentemente com a COVID-19), já mais de 16 mil pessoas foram afectadas pela varíola dos macacos, incluindo 600 casos em Portugal. Cinco pessoas morreram, de acordo com os registos disponíveis.
São números elevados mas a varíola dos macacos ainda não é uma doença grave. Os sintomas mais frequentes são: erupção cutânea, comichão e dor local. Já apareceram, no entanto, casos mais graves, com pessoas hospitalizadas, com dores fortes.
A transmissão acontece sobretudo através de contacto directo, pele a pele, muitas vezes através de relações sexuais, mas também se estima que haja transmissão indirecta (lençóis ou superfícies contaminadas).
É uma doença que pode afectar todas as pessoas, independentemente da sua orientação sexual, embora seja mais frequente entre homossexuais – mas ainda não se conhecem os motivos, as origens ao certo.
Sobre travar a disseminação: “Teoricamente, sim, é possível. Detectando casos, realizando diagnóstico, seguimento dos contactos de risco e tentando prevenir as infecções através do isolamento”.
“O isolamento é de 21 dias, o que cria uma certa dificuldade. Agora imaginemos pedir às pessoas esse período de isolamento depois destes dois anos de pandemia”, continuou a jornalista Vera Novais.
Para já, e ainda sobre o isolamento, não há indicação sobre proibição de viagens: “A prioridade é conter o surto mas sem afectar a economia mundial. Claro que isto pode mudar, tal como mudou por causa da COVID-19”.
Em relação ao diagnóstico, há uma dificuldade facilmente perceptível: “A pessoa pode não se aperceber de que é um caso de varíola dos macacos. Pode ser uma característica, mas se nunca viu essa característica, vai ser difícil reconhecer que a pessoa é portadora desta doença, inclusive para o médico”.