Inédito: detectado vapor de água no cinturão de asteróides do Sistema Solar

Há muita água no sistema solar, gelo também já tinha sido detectado no cinturão principal de asteróides – descobrir vapor de água é inédito.

Há água no Sistema Solar. Não só na Terra: planetas, luas, cometas.

Gelo também, até no cinturão principal de asteróides do sistema. Também já tinha sido detectado.

Mas só agora foi registado vapor de água no cinturão principal de asteróides do Sistema Solar.

O feito foi do James Webb, revela um estudo publicado na revista Nature na semana passada.

Os astrónomos acreditam que a água da altura da formação do Sistema Solar foi preservada no Cometa 238P/Read, que ejectou água.

Esta análise reforça uma tese: os objectos do cinturão de asteróides deram água à Terra, enquanto o Sistema Solar ainda era jovem.

Os cometas do cinturão principal têm gelo suficiente para a libertação de gases resultantes da sublimação (passar do estado sólido para o gasoso) do gelo sob o calor do Sol, explica o portal ScienceAlert.

“Desde a descoberta dos cometas do cinturão principal, reunimos um leque substancial de evidências de que a sua actividade é produzida por sublimação, mas até agora, tudo tem sido indirecto”, lembrou Henry Hsieh, do Instituto de Ciência Planetária.

Mas esta nova análise é algo inédito: “A primeira evidência directa de sublimação na forma de desgaseificação de água – ou de qualquer outra coisa – de um cometa do cinturão principal”, continuou o especialista.

Os cometas (não há muitos no cinturão principal de asteróides) costumam girar à volta torno do Sol em grandes órbitas elípticas que os transportam do Sistema Solar externo. O gelo dentro desses cometas vai sublimando à medida que se aproximam do Sol; e criam uma atmosfera poeirenta e gasosa e longas caudas que se afastam do Sol.

Os cientistas não tinham a certeza se os cometas – por estarem mais perto do Sol – tinham material congelado suficiente para produzir a sublimação vista nos cometas que vêm de distâncias maiores.

Foi analisado o espectro de luz da névoa difusa que apareceu à volta do cometa durante o periélio; os picos no espectro revelaram, não apenas a desgaseificação, mas também a desgaseificação da água.

A equipa não tem dúvidas: foi água gelada a criar este efeito; o gelo de água do início do Sistema Solar pode ser preservado no cinturão de asteróides.

Mas não foi detectado dióxido de carbono proveniente do Cometa 238P/Read – apesar de o gelo de dióxido de carbono sublimar mais facilmente do que o gelo de água.

Duas explicações prováveis: ou todo o dióxido de carbono que o cometa tinha perdeu-se enquanto retinha um pouco de gelo de água, ou o cometa nunca teve dióxido de carbono porque o local onde se formou era demasiado quente.

ZAP //

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