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Uma “vampira” italiana do século XVI foi enterrada com um tijolo na boca

Cícero Moraes

Reconstrução facial da “vampira” italiana.

Um investigador reconstruiu o rosto de uma mulher italiana do século XVI, cujo estilo de enterro sugere que se acreditava ser uma vampira.

A mulher, que se estimava ter cerca de 60 anos na altura do seu enterro, foi desenterrada numa vala comum para vítimas da peste medieval em Veneza, em 2006. O que chamou a atenção dos investigadores foi a colocação de um tijolo na sua boca, uma prática associada à prevenção de supostos vampiros se alimentarem dos mortos.

Segundo o investigador forense Cícero Moraes, a colocação do tijolo terá sido uma medida de proteção para impedir que a suposta mulher vampira se alimentasse dos corpos de outras vítimas da peste enterradas ao seu lado. Isto reflete a paranoia e o medo generalizados que rodearam o surto de peste bubónica na Europa durante o período medieval.

Utilizando digitalizações dos restos mortais e dados históricos, o designer 3D brasileiro recriou meticulosamente as características da mulher, mostrando aquilo que terá sido a sua aparência há mais de quatro séculos.

Cícero Moraes

Reconstrução facial da “vampira” italiana.

O significado desta descoberta vai para além da mera curiosidade, oferecendo informações valiosas sobre os rituais e as crenças da época. Matteo Borrini, antropólogo forense da Universidade John Moores, descreveu a investigação como inovadora, marcando a primeira reconstrução bem sucedida do ritual de exorcismo de um vampiro através da arqueologia.

Citado pelo jornal israelita The Jerusalem Post, Borrini explicou que se acreditava que o ato de colocar um tijolo ou uma pedra na boca de um vampiro suspeito o privava de sustento, neutralizando assim a sua ameaça.

A análise revelou que a mulher era de ascendência europeia, pertencia à classe baixa e consumia principalmente cereais e legumes. Estes pormenores fornecem pistas valiosas sobre o seu estatuto social e hábitos alimentares durante o século XVI. O local da vala comum onde a mulher foi encontrada está associado a um sanatório do século XIV utilizado para tratar as vítimas da peste.

ZAP //

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