Há três vezes mais vagas para recém-especialistas em saúde pública e mais 58 para os hospitais no concurso que acaba de ser aberto para a contratação de médicos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo avançou esta quinta-feira o Público, o Ministério das Finanças autorizou a abertura de 911 vagas para especialidades hospitalares e 39 para saúde pública. Em 2019, das 853 vagas para especialidades, foram ocupadas 604 e escolhidos pelos médicos de saúde pública dez dos 13 lugares.
Guida da Ponte, da Federação Nacional dos Médicos, considerou que o aumento das vagas para saúde pública é uma boa notícia, mas que os médicos desta especialidade “estão a trabalhar sete dias por semana”, e os dos hospitais estão “a fazer urgências sem parar”.
Jorge Silva, do Sindicato Independente dos Médicos, explicou que, no concurso deste ano, os médicos que não ocuparem as vagas ficam impedidos de voltar a concorrer durante um determinado período.
Nos últimos dias, aumentaram os avisos sobre os riscos de encerramento de vários serviços de urgência hospitalares. Numa conferência de imprensa sobre a covid-19, a ministra da Saúde, Marta Temido, sublinhou que o Governo tem acompanhado, “como habitualmente, as dificuldades que se sentem nalgumas instituições”.
Em relação às urgências de pediatria do hospital de Santa Maria da Feira, em risco de fechar, explicou que esta unidade tem uma equipa que conta com mais de 20 elementos, mas que apenas oito realizam serviço de urgência à noite.
“Sabemos que esta é uma realidade frequente devido ao envelhecimento demográfico dos nossos profissionais médicos e houve dois pediatras que muito recentemente deixaram de prestar serviço de urgência por motivo de gravidez ou maternidade. Apesar do enorme empenho e esforço destes profissionais, neste momento tem-se sentido dificuldades e tem sido possível ultrapassá-las com contratos de prestação de serviços”, afirmou.
“Esperamos que algumas destas vagas que hoje foram afectas ao SNS e que vão agora ser distribuídas pelas várias instituições possam também ajudar a melhorar a situação destes hospitais. Contudo, sabemos que a pediatria é uma especialidade da qual temos particular carência”, acrescentou ainda.