Vacinas produzidas em Cuba fizeram os casos de covid-19 cair

Quatro meses após o colapso dos hospitais em Cuba, devido ao número de casos de covid-19, o país lançou as suas próprias vacinas e os casos baixaram para 5 por cada 100 mil habitantes.

Quatro meses depois de Cuba ter relatado o maior número de infeções diárias de covid-19 per capita do mundo e mais de nove mil casos por dia, a incidência de novos casos baixou para os dois dígitos devido às vacinas produzidas no país.

De acordo com a New Scientist, Cuba registou 61 novas infeções a 21 de dezembro — 0,54 por cada 100 mil habitantes — à medida que os casos diminuíam pelo quarto mês consecutivo.

Especialistas tinham previsto que a crise económica de Cuba iria tornar o país um terreno fértil para o coronavírus. Isto devido à escassez de produtos médicos básicos, tais como testes covid-19, máscaras faciais, antibióticos e oxigénio.

Os hospitais entraram em colapso em agosto e setembro, quando as infeções diárias excediam os nove mil novos casos por dia. Mas o país parece ter emergido da crise de saúde numa posição invejável: desenvolveu e aprovou duas vacinas covid-19, com as quais foram vacinados 84% dos seus 11 milhões de habitantes.

Além disso, o país está a administrar vacinas de reforço e está já a desenvolver uma vacina especificamente para a variante ómicron.

Tudo isto foi possível graças à autonomia de Cuba no desenvolvimento das suas próprias vacinas, caso contrário não estaríamos no lugar privilegiado em que estamos hoje no mundo”, disse Dagmar García Rivera, do Instituto de Vacinas Finlay, em Havana.

O governo de Cuba não quis receber vacinas da COVAX nem negociou com empresas outras farmacêuticas porque disse que as vacinas estrangeiras seriam inacessíveis ou chegariam demasiado tarde.

Em vez disso, o país confiou na sua indústria biotecnológica estatal para desenvolver uma vacina covid-19 — e, até agora, já foram produzidas duas. A Abdala é 92,3% eficaz contra a infeção sintomática após três doses e a Soberana 2 é 92,4% eficaz após duas doses (e uma dose adicional de Soberana Plus). Mas Cuba tem outras vacinas candidatas em ensaios clínicos, incluindo a Mambisa, que é administrada com gotas nasais.

A reviravolta da covid-19 em Cuba deve-se em parte à rápida implementação da vacina no país. O governo começou a vacinar populações em risco com Abdala em maio de 2021, antes de a vacina ter sido aprovada para uso de emergência e Cuba tornou-se o primeiro país do mundo a vacinar crianças a partir dos 2 anos em setembro. Cerca de 1,8 milhões de crianças entre os 2 e os 10 anos de idade foram vacinadas naquele país, o que corresponde a 97% de todas as crianças cubanas.

Embora a confiança no governo tenha diminuído durante a pandemia, devido a falhas económicas, os cidadãos cubanos tem mantido a confiança na sua indústria biotecnológica e a oposição às vacinas contra a covid-19 é muito baixa.

“A resistência às vacinas, como a conhecemos nos EUA ou no Reino Unido, não é existe [em Cuba]”, disse Michael Bustamante, da Universidade de Miami.

ZAP //

 

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