O vice-almirante Gouveia e Melo afirmou, esta sexta-feira, que a vacinação contra a covid-19 é um meio de proteção comunitária e não individual, vincando que este critério deve também nortear as decisões sobre a inoculação de crianças.
“Hoje em dia, é isso que está a ser discutido outra vez, quando se fala da vacinação dos mais novos”, disse, explicando: “Se o único critério for é só para proteger os mais jovens, se calhar aí está muito empatado; mas se o critério for, para além de proteger os mais jovens, proteger os pais dos mais jovens e para proteger a comunidade como um todo, o critério é totalmente desempatado.”
Gouveia e Melo, que coordenou a extinta task force, responsável pelo processo de vacinação contra a covid-19 que culminou com cerca 85% da população portuguesa inoculada em setembro, falava no salão nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal, no âmbito do ciclo de conferências Parlamento Com Causas.
“O que está em causa agora é saber se com a [variante] Ómicron precisamos de passar dos 86% de vacinação completa ou não”, disse, sublinhando que os responsáveis devem decidir com base nos indicadores do país e não de outros.
E reforçou: “Um bom decisor pensa sobre o terreno que está a pisar e não sobre o terreno que outros estão a pisar.”
O vice-almirante advertiu que a “pandemia vai continuar”, tendo em conta que uma grande parte da população da Europa e do mundo não está vacinada, e alertou para o aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2, como a Ómicron, em regiões do planeta onde a taxa de vacinação é muito baixa, como África.
Gouveia e Melo disse haver duas razões determinantes para vacinar toda a população do planeta: uma é ética e moral, outra é prática.
“O vírus vinga-se de nós. Faz efeito bumerangue. Vai aproveitar regiões não vacinadas para se replicar em formas diferentes para nos voltar a atacar”, alertou, sublinhando que agora começa a infetar crianças e pessoas não vacinadas.
“Por isso, isto é uma guerra”, disse ainda, reforçando: “Não há soluções simples, mas nós temos de combater este vírus para ganharmos a nossa liberdade e a capacidade de vivermos em sociedade.”
O ex-coordenador da task force não apontou para a vacinação em faixas etárias específicas, mas sublinhou que os responsáveis devem “acreditar” nos indicadores e nos dados do país e decidir com base nos mesmos.
“Temos de ter capacidade de decidir por nós com os nossos indicadores e nós temos capacidade para fazê-lo. Não podemos ter medo de o fazer. A liderança aí tem de ser 100% assertiva”, disse, realçando que “não adianta” adotar soluções de países que “estão mais atrasados” no processo de vacinação, como é o caso da Alemanha.
Em Portugal, as crianças dos 5 aos 11 anos vão ser vacinadas contra a covid-19 a partir do fim de semana de 18 e 19 de dezembro, anunciou o secretário de Estado de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, esta sexta-feira.
Segundo disse o governante, a vacinação dessa faixa etária vai arrancar com as crianças mais velhas, de 11 e 10 anos, descendo progressivamente até aos 5 anos.
// Lusa
Coronavírus / Covid-19
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