Pode o nosso Universo ter sido criado num laboratório?

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O astrofísico Avie Loeb, da Universidade de Harvard, acredita que temos de abrir mais a nossa mente à possibilidade de uma espécie mais inteligente do que nós ter criado o nosso Universo num laboratório.

Avi Loeb não é estranho a opiniões controversas dentro da comunidade científica. O astrofísico de Harvard que acredita que o misterioso Oumuamua pode ter sido enviado para o Sistema Solar por uma civilização extraterrestre voltou a propor uma tese polémica — será que o nosso Universo foi criado num laboratório?

Num artigo publicado em Outubro na Scientific American, Loeb expõe os seus argumentos. “O maior mistério da história do nosso Universo é o que aconteceu antes do Big Bang. De onde veio o nosso Universo?“, começa o astrofísico.

Desde flutuações quânticas no vácuo, períodos cíclicos de expansão de contração até à teoria de cordas, Loeb enumera várias teorias que já foram propostas sobre a origem do Universo.

Mas uma “possibilidade menos explorada” é a de que “o nosso Universo tenha sido criado no laboratório de uma civilização com tecnologia avançada“. “Visto que o nosso Universo tem uma geometria plana com energia líquida zero, uma civilização avançada pode ter desenvolvido uma tecnologia que criou um Universo bebé a partir de nada através de tunelamento quântico”, sugere Loeb.

O astrofísico lembra que esta hipótese acaba por juntar a ciência à noção religiosa de que há um criador. “Não temos uma teoria preditiva que combine os dois pilares da física moderna: a mecânica quântica e a gravidade. Mas uma civilização mais avançada pode ter conseguido este feito e dominado a tecnologia para a criação de Universos bebé”, afirma o especialista.

Caso esta hipótese se verifique, também mostraria que um Universo como o nosso funciona como um “sistema biológico que mantém a longevidade do seu material genético ao longo de múltiplas gerações”.

Assim, “o nosso Universo não foi seleccionado para lá existirmos”, tendo antes sido escolido de forma dar “origem a civilizações muito mais avançadas do que nós”, com Loeb a descrever os nossos possíveis criadores como “as crianças mais inteligentes no nosso bloco cósmico” que lideram o “processo de selecção Darwinista”.

“A nossa civilização é ainda estéril cosmologicamente por não ter reproduzido o mundo que nos criou”, realça. Loeb propõe ainda que a sofisticação tecnológica de uma civilização seja assim avaliada com base na capacidade que esta tem de reproduzir as condições astrofísicas que possibilitaram a sua existência.

Na escala criada por Nikolai Kardashev, a nossa civilização está ainda atrasada a nível tecnológico, tendo uma classificação C por não ser capaz de recriar condições habitáveis no nosso planeta caso o Sol morra — e Loeb acredita que podíamos até ter uma nota D por estarmos a destruir a Terra com as alterações climáticas.

“A possibilidade de a nossa civilização não ser particularmente inteligente não é algo que nos deve surpreender”, defende Loeb, que acredita que é provável que estejamos “estatisticamente no centro” da distribuição das formas de vida inteligente no cosmos.

Depois de já ter criticado a arrogância da comunidade científica, Loeb deixa um novo apelo a que coloquemos o nosso efeito Dunning-Kruger de parte e que sejamos mais “humildes”, visto que ter um ego demasiado em alta sobre a nossa inteligência pode “acabar mal”, tal como aconteceu com os dinossauros, “que dominaram a Terra até um objecto do Espaço ter destruído a sua ilusão”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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