Universidade inglesa editou um poema grego com 2000 anos, para evitar “ofender” alguns dos seus estudantes devido a ligeiras referências à violência doméstica na obra.
Os responsáveis da University of Reading censuraram um poema de 118 linhas grego com 2.000 anos porque “podia” ofender os estudantes mais sensíveis, revela o Ancient Origins.
Devido ao recentemente descoberto ato de censura “ridículo”, Jeremy Black, professor emérito de história na Universidade de Exeter, considerou a instituição inglesa “mais do que ingénua”.
O texto menciona “violência doméstica” contra as mulheres, o que “pode potencialmente desencadear angústia” em alguns estudantes, defendeu a instituição de ensino universitário.
Escrito por Semonides de Amorgos, o poema intitula-se “The 2,000-year-old Types Of Women” e foi, até ao momento, utilizado no ensino da universidade em causa. No entanto, e apesar de não ter existido qualquer queixa, foi tomada a decisão de censurar certos versos.
A obra fala do deus grego Zeus, que cria dez tipos de mulheres representadas por um animal ou um elemento: o porco, a raposa, o cão, a terra, o mar, o burro, o furão, a égua e o macaco representam nove tipos de mulheres com conotações negativas, apenas a abelha é considerada um modelo para uma boa esposa.
De acordo com o Daily Mail, os estudantes foram alertados para o facto de o poema ser “um exemplo de misoginia extrema na Grécia arcaica” e, entretanto, todas as referências à “violência explícita contra as mulheres” foram censuradas pelos responsáveis da University of Reading.
A edição do texto grego para evitar ofender os estudantes “é ridícula e não tem lugar na academia”, disse Black.
Se este nível de censura fosse aplicado às notícias, continuou, “acabaríamos por ter uma visão mais limitada e ignorante do mundo“.
Também Ewen Bowie, bolseiro emérito do Corpus Christi College e Professor Emérito de Línguas e Literaturas Clássicas da Universidade de Oxford, disse que “as obras antigas precisam de ser compreendidas no contexto” e não totalmente apagadas.
Quando se começam a censurar listas de leitura está-se “a colocar o pé na encosta escorregadia em direção a censurar o que está a ser vendido nas livrarias”, acrescentou.
“Não censuramos o material académico”, disse um porta-voz da University of Reading, acrescentando que uma parte particular do poema grego tinha sido retirada porque “parecia desnecessariamente desagradável e (potencialmente) desencadeante”.
Censura é sempre censura