O que une e o que separa as mudanças de líder no PCP e na IL

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Carlos Almeida / Lusa

Parlamento

Os dois partidos estão em processos de transição de liderança. Há alguns aspetos que os unem, mas também várias diferenças.

Um é de direita e outro é de esquerda, um defende o mercado livre e o outro é anti-capitalista ferrenho. Se a nível ideológico o PCP e a Iniciativa Liberal são como a água e o azeite, a verdade é que os dois partidos estão a atravessar um momento semelhante: a mudança de líder.

Do lado dos liberais, a decisão pareceu ser mais repentina, com João Cotrim de Figueiredo a anunciar de surpresa que estava de saída da chefia do jovem partido e a apoiar imediatamente Rui Costa para lhe suceder.

No PCP, depois de vários rumores nos últimos meses, Jerónimo de Sousa anunciou no sábado que está na hora de passar o testemunho, 18 anos depois, devido a problemas de saúde. A escolha do sucessor também foi surpreendente, com Paulo Raimundo a assumir a liderança, um nome importante na estrutura do partido, mas deconhecido do público em geral e que tem estado fora dos holofotes mediáticos.

O próximo líder da Iniciativa Liberal será escolhido pelos militantes numa eleição interna enquanto que a escolha de Paulo Raimundo já está fechada, sendo o nome apresentado ao Comité Central que lidera o PCP.

O politólogo José Adelino Maltez acredita que as duas mudanças são “oportunistas”, com os partidos a aproveitarem a maioria absoluta socialista “para se reorganizarem”. No caso do PCP, a liderança é “quase eclástica” e as escolhas recaem sempre sobre “funcionários políticos do partido”.

“O encanto do PCP é precisamente esse. É uma ordem que tem cem anos. Não me parece que esteja em risco nem coisa que o valha”, revela ao Público.

André Freire, professor de Ciência Política no ISCTE, discorda e tem dúvidas sobre a eficácia da estratégica “elitista” de continuidade dos comunistas. “O PCP precisa de se renovar, de se abrir a novos temas e públicos, sem isso significar que descuida a sua a base operária e as classes populares”, afirma.

Já nos liberais, a mudança de liderança é um “desafio de crise genética que todos os partidos passaram nas dores de crescimento”, de acordo com José Adelino Maltez.  André Freire diz-se “surpreendido” pelo processo de escolha de um sucessor na IL e acusa os dois partidos de terem “uma espécie de sucessão dinástica“.

“O líder da IL demite-se por razões que ninguém percebe e 15 minutos depois Rui Rocha apresenta a sua candidatura apoiado pelo líder demissionário. Isto não se vê nos partidos tradicionais como PS e PSD. O líder sai, mas delega um delfim”, considera, acrescentando que isto “belisca a imagem da IL” enquanto um partido que  “combate a hereditariedade e a legitimação monárquica”.

ZAP //

1 Comment

  1. Desde logo, á partida, um descola de deputado, sai da AR, outro continua agarrado ao Tacho e a contar tempo para a enorme reforma, um deixa de pesar no Orçamento do estado o outro continua a pesar nos nossos impostos, um crítica as gamelas mas sai, o outro crítica as gamelas mas agarra-se a elas. Portanto um mostra coerência o outro incoerência., Um merece respeito o outro desprezo.

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