Uma semana e 900 mortos depois: cessar-fogo em Goma

STRINGER/EPA

O campo de deslocados internos de Lushagala Kashaka, que alberga cerca de 10 000 pessoas, tem recebido deslocados internos que fugiram durante dias devido ao recente conflito.

Cessar-fogo humanitário no leste da República Democrática do Congo a partir desta terça-feira. Pelo menos 900 corpos foram recuperados após dias de combates na cidade de Goma.

O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) declarou esta segunda-feira que observará um cessar-fogo humanitário no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), a partir desta terça-feira.

O anúncio ocorre uma semana depois de o M23, com o apoio de militares ruandeses, ter tomado a cidade estratégica de Goma, após dias de intensos combates com o exército democrático-congolês.

Depois de ter conquistado Goma, capital da província do Kivu Norte, o AFC-M23 garantiu que o grupo rebelde não tem intenção de tomar Bukavu, capital da vizinha província do Kivu Sul, na direção da qual avançou na semana passada.

900 mortos numa semana

Pelo menos 900 corpos foram recuperados após dias de combates na cidade de Goma, segundo as Nações Unidas. Acrescentou que os confrontos provocaram ainda 2.900 feridos.

Os hospitais da cidade encontravam-se no passado dia 28 sobrecarregados com feridos e cadáveres ficaram esquecidos pelas ruas, relataram as agências da ONU no local. Surgiram testemunhos de violações cometidas pelos combatentes, avança à Reuters Jens Laerke, porta-voz do gabinete humanitário da ONU (OCHA).

“Estamos a ouvir relatos de profissionais de saúde a serem alvejados e de doentes, incluindo bebés, a serem apanhados no fogo cruzado”, disse Adelheid Marschang, coordenadora da resposta de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Congo.

De acordo com os peritos da ONU, o M23 é apoiado por cerca de quatro mil soldados do vizinho Ruanda, muito mais do que em 2012, quando capturaram Goma pela primeira vez.

O movimento rebelde é o mais poderoso dos mais de 100 grupos armados que disputam o controlo do leste da RDCongo, país vizinho de Angola rico em minerais, que possui vastos depósitos essenciais para grande parte da tecnologia mundial. O grupo é constituído maioritariamente por combatentes de origem tutsi, vítimas do genocídio de 1994 no Ruanda que matou aproximadamente 800 mil pessoas.

ZAP // Lusa

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